A maior associação mutualista do país está a tentar resolver o peso que os créditos e outros ativos problemáticos têm no Banco Montepio.
De acordo com o semanário Expresso, a associação mutualista pretende passar os ativos tóxicos para um veículo externo, solução que terá de ser validada pelos auditores externos e pelos supervisores.
A Montepio Geral – Associação Mutualista (MGAM) está a estudar a possível criação de um veículo, na sua esfera, que fique com 1,4 mil milhões de euros em crédito malparado e 600 milhões em ativos que pertencem ao banco em causa, livrando-se assim da sua “herança tóxica”. Porém, isso pode criar necessidades de capital no banco.
“Estes ativos, face às imparidades já constituídas e às garantias associadas, estão contabilizados por valores que, vendidos a esse preço, permitem mais-valias muito significativas”, explicou Virgílio Lima, presidente da Associação Montepio, em declarações ao Expresso.
Virgílio Lima frisou também que o objetivo é que o Montepio consiga melhorar a estrutura de capital para ter margem para se reestruturar.
O presidente da Associação Montepio assegurou ainda que a associação e o banco não vão decidir sozinhos. “A solução, depois de concluído o seu estudo, tem de ser validada pelos auditores externos e pelos supervisores. Não deverão nunca ser feitas sem estas apreciações prévias”, disse.
O semanário recorda qua Comissão Europeia está a preparar-se para facilitar as regras para que os bancos consigam lidar com as suas heranças tóxicas anteriores à pandemia, mas o enquadramento mais flexível só se aplicará a entidades bancárias viáveis e se o auxílio for temporário.
Em novembro, um Grupo de associados da Associação Mutualista Montepio Geral criticou a gestão dos últimos anos, nomeadamente no tempo de Tomás Correia, alertando que o grupo “Montepio está em risco” e apelando à intervenção “urgente” do Governo para o “salvar”.
Em 2019, a mutualista teve lucros consolidados de seis milhões de euros. Já em termos individuais, registou prejuízos de 408,8 milhões de euros, devido ao reforço de imparidades sobretudo para o banco Montepio (por imposição da auditora PWC).
Ainda assim, a auditora colocou uma reserva por considerar que a mutualista não tem condições de recuperar os 800 milhões de euros em ativos por impostos diferidos registados nas contas (operação feita em 2017 e que foi bastante polémica).
Quanto ao banco Montepio, está atualmente em processo de reestruturação, o qual prevê a saída de entre 600 a 900 trabalhadores nos próximos anos.