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Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo defende encerramento de solários

Evil Erin / wikimedia

A Associação Portuguesa do Cancro Cutâneo (APCC) defende que as autoridades portuguesas devem equacionar o encerramento dos solários, como já aconteceu no Brasil e na Austrália, lembrando que está provado que aumentam o risco de cancro de pele.

“De uma vez por todas, as pessoas têm de interiorizar que os solários são indutores dos cancros de pele. Este ano surgiram mais estudos internacionais, alguns em que Portugal participou, que demonstram a relação entre a exposição prévia a solários e o aumento de risco de todos os cancros de pele”, disse à Lusa Osvaldo Correia, presidente da APCC.

O especialista falava nas vésperas da apresentação do Dia do Euromelanoma em Portugal, uma cerimónia que decorre na quarta-feira em Lisboa e na qual serão apresentados os resultados do rastreio de 2018.

O Dia do Euromelanoma, Dia dos Cancros da Pele, decorre a 15 de maio, dia em que 44 serviços de dermatologia em todo o país fazem o rastreio gratuito a mais de 1.600 pessoas, sobretudo a população de risco: com anteriores queimaduras solares, com antecedentes de cancro de pele ou que trabalham diariamente sob exposição solar.

Osvaldo Correia recorda que a APCC tem defendido há vários anos o encerramento dos solários, junto da tutela e da Direção Geral da Saúde, e tem contribuído para os estudos que mostram, que “há uma associação entre a exposição prévia, mesmo que esporádica, e o risco aumentado dos cancros de pele, quer não melanoma, como os carcinomas basocelular e espinocelular, quer melanoma, alguns em idades mais jovens a surgir”.

O dermatologista frisou que, a divulgação de que a aparência de solário é saudável não é verdade e alerta: “Não é nada saudável, não faz bem a nada e favorece riscos de cancro que poderão não ser hoje, mas podem ser amanhã. E o amanhã pode ser daqui por três, cinco ou 10 anos”.

O presidente da APCC disse ainda que a defesa do encerramento dos solários é um movimento que começa a ser individual e que na Austrália e no Brasil já viu concretizada essa medida.

“Na Austrália e no Brasil fecharam e na Irlanda já há um movimento nesse sentido. Só é pena serem precisos tantos anos de demonstrações do que era já uma suspeita”, afirmou, recordando que “há vários anos que a OMS reconheceu os solários como cancerígenos”.

Osvaldo Correia sublinhou ainda a importância de fazer o autoexame e mudar os comportamentos. Segundo o especialista, num estudo europeu recente percebeu-se que mais de 80% usava proteção solar nas praias, mas não chegavam a 20% as pessoas que colocavam proteção como roupa, chapéu e creme em atividades desportivas ou profissionais diárias ao sol.

“Portugal, tal como outros países europeus, tem uma grande percentagem da população com informação, falta mudar o comportamento. É preciso interiorizar”, sublinhou o dermatologista, lembrando que as estimativas apontam para cerca de 13 mil novos casos de cancro em 2019 em Portugal, mais de mil dos quais melanoma.

// Lusa

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