Vincent Muscat, um dos três homens acusados do assassínio, em outubro de 2017, da jornalista anticorrupção de Malta Daphne Caruana Galizia, foi condenado a uma pena de 15 anos de prisão pelo tribunal da La Valeta.
Ao anunciar o veredicto, o tribunal indicou ter tido em conta o facto de Vincent Muscat – que pela primeira vez se declarou culpado do assassínio – ter colaborado com a polícia e com o Ministério Público ter pedido aquela pena.
Segundo o portal noticioso Politico, com base em media locais, Muscat tentou obter um perdão ou uma redução de pena em troca de informações sobre o caso da jornalista e de outros crimes graves, incluindo uma tentativa de roubo de uma filial do banco HSBC em 2010 na qual foi preso e acusado.
O pedido de um perdão presidencial foi rejeitado no início deste ano.
Em outubro de 2018, a jornalista Daphne Caruana Galizia morreu após a explosão de duas bombas, que foram plantadas no carro que conduzia e ativadas remotamente via SMS.
Na altura, as autoridades rastrearam os sinais de telemóvel das redondezas à data da explosão e detiveram três homens, funcionários de um armazém. Os suspeitos tinham ligações ao submundo do crime organizado em Malta. Contudo, desde então, não se tinha conseguido apurar o motivo do assassinato nem chegar a quem deu as ordens.
Três homens com antecedentes criminais – os irmãos Alfred e George Degiorgio e Vicent Muscat – foram acusados no dia seguinte, suspeitos de participação numa organização criminal e de terem fabricado a bomba.
Daphne Caruana Galizia, natural de Malta, liderou a investigação aos Panama Papers e esteve na origem de acusações de corrupção que provocaram eleições antecipadas no país em junho de 2017.
Duas semanas antes de ser assassinada, a jornalista tinha denunciado às autoridades que estava a ser alvo de ameaças de morte. A maltesa de 53 anos foi morta poucos minutos após ter publicado o seu último post no seu blogue, Running Commentary.
Daphne Galizia tinha denunciado durante os últimos meses um alegado caso de corrupção envolvendo o primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, a sua mulher e outros membros do Governo. Segundo estas alegações, o casal utilizava offshores para esconder pagamentos com origem no Governo do Azerbaijão.
Além de Muscat e dos irmãos Degiorgio, um quarto homem ligado ao caso, Yorgen Fenech, proprietário da empresa 17 Black, foi detido em 2019 no seu iate ao largo de Malta, quando tentava fugir. É oficialmente considerado como uma pessoa que tinha informações sobre o caso. Alguns media e a família de Daphne Caruana Galizia apresentam-no como um possível financiador do assassínio, mas as audiências sobre as acusações contra ele ainda não começaram.
A crise política agravou-se com a demissão de dois ministros do governo trabalhista horas após o primeiro-ministro, Joseph Muscat, anunciar a renúncia do seu chefe de gabinete.
ZAP // Lusa