As gaivotas não comem o que lhes aparece — preferem o que nós comemos

Com um simples teste de batatas fritas, estudo britânico mostrou que as gaivotas aplicam o conhecimento absorvido das escolhas alimentares humanas para delinear a sua dieta.

Muito provavelmente já esteve numa esplanada a apreciar uma refeição tranquilamente quando, de repente, surge dos céus um animal ganancioso que lhe tira a comida das mãos.

Por alguma razão, esse animal é sempre uma gaivota, e agora um novo estudo pode ter descoberto que estas aves não comem simplesmente tudo o que lhes aparece à frente.

Já todos sabemos que as gaivotas tendem a ir ‘picar’ os nossos restos alimentares, mas será que conseguem, com base na informação recolhida da observação dos humanos, procurar ativamente alimentos semelhantes?

É certo que as gaivotas são mais inteligentes do que aparentam. Cientistas mostraram já que algumas gaivotas foram capazes de passar no chamado teste de puxar a corda.

As gaivotas também sabem exatamente onde procurar comida e, mais importante, quando o fazer.

Dieta das gaivotas é inspirada na nossa

Um novo estudo, publicado esta quarta-feira, sugere que as gaivotas decidem que comidas querem comer ao prestar atenção aos alimentos que os humanos consomem.

A equipa responsável pelo estudo registou os hábitos de gaivotas de Brighton, Inglaterra, durante 5 meses (de maio a junho de 2021 e de março a maio de 2022)

Às gaivotas estudadas foram dadas duas opções alimentares, ambas pacotes de batatas fritas: um azul (queijo e cebola) e outro verde (sal e vinagre), ambos colados a telhas de cerâmica do local.

Num dos cenários, segundo a BBC, um investigador estava a cerca de cinco metros de distância do pacote, sem comer nada, e no outro estava a comer um dos pacotes.

Concluiu-se que cerca de metade das gaivotas ‘atacaram’ o pacote quando viram o investigador a comê-las, e que apenas 19% foram comer as batatas sem dono.

Mas quando as gaivotas abordaram os pacotes, optaram pela mesma cor do pacote que o investigador estava a comer 95% das vezes, o que demonstra que o comportamento humano é percebido pelas gaivotas e que elas usam isso para delinear a sua dieta.

“Os nossos resultados indicam que observar humanos a comer um item alimentar específico não só o torna mais atrativo, como aumenta a preferência de uma gaivota por outros itens semelhantes”, lê-se no estudo, que assim mostrou que as gaivotas aplicam o conhecimento absorvido das escolhas humanas para selecionar alimento para proveito próprio e que, talvez, sejam mais espertas do que se pensava.

“Dado que a urbanização das gaivotas é recente, esta habilidade deve vir da inteligência geral das gaivotas e da sua flezibilidade comportamental”, reforça a bióloga e primeira autora do estudo da Universidade de Sussex, Franziska Feist.

Tomás Guimarães, ZAP //

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