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Não se deixe enganar: o ar não está tão limpo como parece

José Coelho / LUSA

Concentração de partículas aumenta o risco de diversos problemas graves. Em fase de incêndios, piora. Vila Real no topo da lista.

O fumo andou pelo ar em centenas de locais de Portugal, ao longo dos últimos dias.

Quando abordámos a questão das máscaras realmente eficazes para quem anda na rua, já mencionámos – por alto as partículas em suspensão, nomeadamente as partículas mais finas.

São as PM2.5 – partículas em suspensão com um diâmetro inferior a 2,5 micrómetros.

As partículas em suspensão englobam substâncias minerais e/ou orgânicas que se podem encontrar na atmosfera sob a forma líquida ou sólida. Uma das origens é precisamente um incêndio.

As partículas mais finas, as tais 2.5, conseguem penetrar o sistema respiratório até ao nível alveolar interferindo no processo respiratório e acarretando risco grave para a saúde.

A Agência Portuguesa do Ambiente acrescenta que a exposição crónica a este poluente aumenta o risco de desenvolvimento de doenças respiratórias e cardiovasculares, e cancro de pulmão; também agrava sintomas de outras doenças.

Este contexto serve para deixar um aviso: hoje, quinta-feira, ao sair de casa de manhã, no Norte ou no Centro, provavelmente olhou e pensou que o ar já estava limpo. Ou quase.

Não se engane: os dados em tempo real da IQAir mostravam o contrário.

Por exemplo no Porto, ao início da manhã as concentrações de partículas finas eram de 178 µg/m³. Traduzindo: 35 vezes superior ao limite estabelecido pela Organização Mundial de Saúde. Pior do que no dia anterior, quarta-feira.

Claro que, com o passar das horas, e com a meteorologia a ajudar no combate aos incêndios, a qualidade do ar também subiu. Na altura da elaboração deste artigo, a concentração de PM2.5 desceu para 64µg/m³ no Porto e para 42µg/m³ em Aveiro. Mesmo assim, são respectivamente valores 13 vezes e 8 vezes superiores ao limite.

Um caso mais delicado era o de Braga: 124.8*µg/m³ de PM2.5 à hora de almoço. É uma concentração 25 vezes superior aos limites da Organização Mundial de Saúde.

Mas o número mais elevado, em capitais de distrito, é em Vila Real: 162µg/m³, valor 32 vezes superior ao limite. É o único local com a classificação “muito pouco saudável”; os outros locais justificam um “não é saudável”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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