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Após meses de subida, já há produtos com preços em queda. Médicos e professores são dos mais atingidos pela inflação

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Combustíveis e óleos e gorduras registaram descidas face ao mês de junho, mas longe do valor do período homólogo.

O que há muito os portugueses já sentiam na hora de pagar as compras de supermercado, o Instituto Nacional de Estatística (INE) veio ontem confirmar: a inflação continua a subir e em julho fixou-se nos 9,1%, o valor mais alto desde novembro de 1992. Por se tratar de um indicador médio, há produtos que configuram exceções, pelo que viram os seus preços cair — são, por isso, uma minoria. De acordo com o Expresso, alguns dos bens aumentaram mesmo 20% face a julho do ano anterior.

Através de uma análise evolutiva dos números, é possível perceber que foi a energia o bem que mais contribuiu para a subida dos preços, uma vez que regista uma taxa de inflação homóloga de 31,2%, aumentando 0,5 pontos percentuais face ao mês anterior. Já os produtos alimentares não-transformados, com evolução homóloga de 13,2% e 11,9% face a junho.

No lado oposto, há também produtos com preços em queda, assim como categorias (mais do que em julho de 2021). Entre os produtos cujos preços mais baixaram face a junho destacam-se os artigos de vestuário e outros acessórios, o calçado, os combustíveis e lubrificantes para transporte e os óleos e gorduras. Já o transporte aéreo de passageiros, as férias organizadas, a eletricidade, os transportes de passageiros por mar e os seguros relacionados com os transportes integram o campo de produtos/serviços que mais subiram.

A análise tem resultados distintos se a comparação for feita em termos homólogos. De facto, os combustíveis, assim como os óleos e gorduras, destacaram-se nos primeiros meses deste ano, quando os preços dispararam, mas ao longo das últimas semanas, com a estabilização das sanções dos países ocidentais à Rússia, estes têm vindo a estabilizar. No sentido oposto, as viagens e os transportes ficaram mais caros, com as viagens aéreas a registarem uma subida de 15% face a junho.

No que respeita a comparações homólogas, são poucos os produtos que registaram uma queda de preço (ou pelo menos na qual esta tenha sido significativa). É, ainda assim, o caso dos serviços médicos, dos meios ou suportes de gravação, dos serviços hospitalares, dos equipamentos de processamento de dos, dos equipamentos para receção, registo e reprodução de som e imagem, dos serviços de paramédicos ou dos pequenos eletrodomésticos.

Dentro do âmbito supermercado, e em termos homólogos, são novamente os óleos e as gorduras que se destacam (com uma subida de 25,33%), seguidos da carne (14,98%), do pão e dos cereais (13,83%), dos produtos hortícolas (12,77%), do leite, queijo e ovos (11,83%) e do peixe, crustáceos e moluscos (11,47%).

Inflação arrasa poder de compra

A partir dos números divulgados ontem, também é possível tirar conclusões sobre a perda do poder de compra, o qual é mais visível nos grupos profissionais onde se incluem médicos, professores, empregados de escritório e trabalhadores não qualificados (do setor privado ou público). Os mais resguardados da escalada de preços parecem ser os políticos, dirigentes e gestores de topo, do pessoal da construção e da agricultura.

Os dados divulgados pelo INE também revelaram que os salários médios líquidos de todas as profissões aumentaram no segundo trimestre face ao igual período de 2021. No entanto, este aumento não será suficiente para fazer face à subida de preços dos últimos meses — a qual ultrapassa os salários.

Ana Rita Moutinho, ZAP //

9 Comments

    • É a chamada classificação hospitalar! Nos hospitais há médicos, enfermeiros e os outros! Esquecendo-se estas 2 classes que existem outros profissionais, e que eles sozinho não fazem nada!!

  1. Este artigo deve ser piada não? A inflação afeta toda gente, só não afeta quem tem cartão de credito da empresa e gasta por conta, mas ate esses vêem o dinheiro a desvalorizar na conta, além toda a gente sabe que comparativamente os médicos ganham muito mais que os professores, até porque as horas extra dos médicos são pagas, e as extra dos professores a trabalhar em casa não são pagas. E não adianta virem as virgens ofendidas, porque já todos percebemos que assim que a ministra da saúde disse que ia abrir os cordões a bolsa o burnout dos médicos baixou logo. Mas pronto os professores só são importantes ate se saber ler e contar, depois disso já não interessam.

    • O artigo não é piada, relata uma verdade.
      Repare, os mais afetados são os mais abastados, os pobres continuam na mesma, de pobres não passam!

  2. Que vergonha… então a ” a perda do poder de compra, o qual é mais visível nos grupos profissionais onde se incluem médicos, professores, empregados de escritório e trabalhadores não qualificados (do setor privado ou público)” não deveria ser:
    ” Em quem recebe o salário mínimo nacional e, os trabalhadores não qualificados???”. A mim parece-me que a “mossa” dos aumentos prejudica quem recebe menos, atendendo a que na compra de qualquer produto ou artigo, casa, luz, gás etc, o valor é igual independentemente do quanto se aufere. Essa mania de pensarem só e exclusivamente na classe média “aburguesada” em detrimento da classe mais baixa é uma ofensa a quem está na base da pirâmide. Estes jornalistas, políticos, e afins da treta só puxam a brasa à sua sardinha, gostava de ver como sobreviveriam com a miséria de 705,00€/mês e ter que cumprir com todas as obrigações inerentes ao seu bem-estar.

  3. Neste pequeno mundinho português, apenas os médicos e professores entram nas estatísticas de pequenos cérebros. Afinal de contas a saúde e educação são fundamentais! Contudo desde os operacionais até aos mais altos cargos técnicos, todos fazem parte integrante e importante para o desenvolvimento da sociedade e enriquecimento de um país. Na actualidade todos estão a ser arrastados pela inflação, é insultuoso uma notícia destas!

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