O turismo continua com menos 60 mil trabalhadores em relação aos valores registados antes da pandemia. O desemprego jovem caiu para valores abaixo dos registados pré-confinamento.
O turismo está a recuperar à boleia do alívio as restrições da pandemia e já se espera que ultrapasse os valores de 2019. No entanto, o setor continua com menos 60 mil trabalhadores do que aqueles que registava antes da pandemia, apesar de o emprego em Portugal estar agora em números máximos desde 2011.
Os dados do Instituto Nacional de Estatística relativos ao segundo trimestre deste ano que foram divulgados na quarta-feira mostram que o emprego já está acima dos valores registados em igual período de 2019 e que está no valor mais alto desde 2011.
A taxa de desemprego global recuou de 5,9% para 5,7% e a população desempregada (298,8 mil pessoas) diminuiu 3,1% em relação ao trimestre anterior, e 13,6% relativamente ao trimestre homólogo de 2021.
O número mais baixo de desempregados significa que os empregadores têm de competir e o turismo está a perder terreno para outros setores. No segundo trimestre deste ano, a hotelaria, a restauração e outros ramos semelhantes associados ao turismo continuavam com 61,2 mil postos de trabalho abaixo dos que registaram no mesmo período de 2019 — isto apesar de o setor ter ganho 11,7 mil trabalhadores em relação ao período homólogo de 2021.
Para colmatar esta falta de funcionários, os patrões do setor têm apostado na contratação de estrangeiros, especialmente oriundos de países da CPLP. O Expresso avança que o setor que mais “roubou” mão de obra ao turismo deverá ter sido o de “atividades de informação e de comunicação“, com um aumento de 63,7 mil trabalhadores.
Seguem-se a “Administração Pública e Defesa; Segurança Social obrigatória”, com mais 50,1 mil postos de trabalho, as “Atividades de saúde humana e apoio social”, com mais 43 mil empregos, a “Educação”, com mais 42,1 mil trabalhadores, e as “Atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares”, que conta com mais 41,6 mil pessoas empregadas.
Desemprego jovem cai
O desemprego entre os mais jovens (entre 16 e 24 anos) também caiu para os 16,7%, ficando abaixo dos valores registados ao período imediatamente antes da pandemia. No trimestre anterior, a taxa ficou-se pelos 20,6% e no mesmo período do ano passado, o valor registado era 23,7%.
Como seria de esperar, o desemprego entre os jovens continua a ser muito superior ao desemprego no geral, 2,9 vezes, mais precisamente. Mas os números estão abaixo dos registados imediatamente antes do confinamento — no quarto trimestre de 2019, a taxa estava nos 19,5%, tendo chegado ao pico de 26,3% na fase mais dura da pandemia.
Os serviços são o setor que mais jovens empregou (mais 105,6 mil postos de trabalho face ao período homólogo), sobretudo no comércio, reparação de veículos, transportes, alojamento e restauração, relata o Público.
Apesar de serem uma geração mais qualificada, a maioria destes novos empregos são em ramos que não exigem qualificações. Das 152 mil pessoas que estão desempregadas há pelo menos 12 meses (que são quase 51% do total), 22,5% têm formação superior.
A precariedade, no entanto, tem vindo a diminuir. Comparando o segundo trimestre de 2021 com o mesmo período de 2022, houve um aumento de perto de 85 mil trabalhadores com contrato sem termo, enquanto a contratação a termo registou um recuo de 45 mil pessoas.