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“Traição a Jerusalém”. Autoridade Palestiniana rejeita acordo Israel-Emirados

Addustour, Jordan Press & Publication Co. / Wikimedia

O presidente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Mahmud Abbas

A Autoridade Palestiniana considerou, esta quinta-feira, uma “traição” à causa palestiniana o acordo de normalização de relações entre Israel e os Emirados Árabes Unidos.

“Os dirigentes palestinianos rejeitam o que os Emirados Árabes Unidos fizeram. Trata-se de uma traição a Jerusalém e à causa palestiniana”, indicou, num comunicado, a direção palestiniana, denunciando o acordo apoiado pelos Estados Unidos.

O presidente da AP, Mahmud Abbas, convocou uma “reunião de emergência” da direção palestiniana, ontem à noite, para discutir a normalização das relações entre Israel e os Emirados Árabes Unidos, informou a agência oficial Wafa. Também já apelou a uma reunião da Liga Árabe para denunciar o acordo.

O Hamas também rejeitou o acordo, alegando que “não serve à causa palestiniana de forma alguma” e que é uma “punhalada traiçoeira nas costas do povo”. A organização disse que “isso encoraja a ocupação a continuar, negando os direitos do povo palestiniano e aumentando as agressões contra nós”, afirmou o porta-voz Hazem Qassem.

Hanan Ashrawi, do Comité Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), reagiu no Twitter, considerando que “Israel foi recompensado por não declarar abertamente o que tem feito à Palestina de forma ilegal e persistente desde o início da ocupação”, em 1967.

O projeto de normalização das relações entre Israel e as nações do Golfo, como o Bahrein, a Arábia Saudita e os Emirados, é um dos aspetos do plano da administração norte-americana de Donald Trump para o Médio Oriente saudado pelos israelitas, mas rejeitado pelos palestinianos.

O plano prevê também a anexação por Israel do vale do Jordão e de colonatos na Cisjordânia, considerados ilegais pela lei internacional.

O Governo de união de Benjamin Netanyahu e do seu ex-rival político, Benny Gantz, devia anunciar, a partir de 1 de julho, a estratégia israelita sobre a anexação de partes da Cisjordânia ocupada desde 1967.

O príncipe herdeiro dos Emirados Árabes Unidos (EAU), Mohammed bin Zayed, escreveu no Twitter que o “acordo foi alcançado para encerrar qualquer anexação adicional de territórios palestinianos”.

No entanto, o primeiro-ministro israelita indicou que o estabelecimento de relações diplomáticas plenas entre os dois países terá o efeito de “adiar” os planos israelitas de anexar partes da Cisjordânia ocupada, mas adiantou não ter “desistido” dessa opção.

“A aplicação da soberania (israelita) na Judeia e Samaria (nome bíblico da Cisjordânia) está em cima da mesa, (…) não está anulada“, declarou Netanyahu, num discurso transmitido na televisão.

A Liga Árabe tem sede no Cairo, capital do Egito, um dos dois países árabes que já têm relações diplomáticas com Israel, juntamente com a Jordânia, e cujo Presidente, Abdel Fattah al-Sissi, saudou o acordo entre Abu Dhabi e o Estado hebreu. O Bahrein foi outro dos países árabes a aplaudir o acordo.

“O reino saúda os esforços diplomáticos desenvolvidos pelos Emirados Árabes Unidos. Esta etapa histórica contribuirá para o reforço da estabilidade e da paz na região“, indicou a agência noticiosa oficial deste pequeno país do Golfo, a Bahrain News Agency (BNA).

Nos últimos anos, Israel tem desenvolvido uma cooperação oficiosa com economias regionais, como o Bahrein, os Emirados e a Arábia Saudita, apesar da posição tradicional dos países árabes ser a de fazer depender as relações com o Estado hebreu de um acordo com os palestinianos.

“A esquerda israelita e mundial sempre disse não se poder fazer um acordo de paz com os países árabes sem a paz com os palestinianos (…). Pela primeira vez na história, Benjamin Netanyahu quebrou esse paradigma”, reagiu o Likud, o partido do primeiro-ministro.

ZAP // Lusa

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