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Aos 85 anos, Siza Vieira vai construir uma torre de luxo em Nova Iorque

d.r. Fernando Guerra

Álvaro Siza Vieira

O arquiteto Álvaro Siza Vieira vai construir um prédio luxuoso em Nova Iorque, projeto que admitiu não esperar ter a oportunidade de levar a cabo nesta cidade norte-americana aos 85 anos.

Siza Vieira esteve em conversa com o crítico norte-americano Paul Goldberger no Átrio David Rubenstein do Lincoln Center, a que assistiram cerca de 200 pessoas, sobre a carreira do aclamado arquiteto português.

“Para qualquer arquiteto, as hipóteses de construir algo em Manhattan são muito pequenas. Eu pensava que com a minha idade, ninguém me ia convidar”, disse Siza Vieira, que é responsável pela construção de uma torre residencial de luxo no número 611 da Rua 56.

O projeto foi anunciado há quatro anos, como uma encomenda das empresas Sumaida+Khurana e LENY. Sabe-se que a torre terá uma altura de 120 metros, 80 habitações de luxo e uma dimensão de cerca de 16 mil metros quadrados.

A proximidade com outros edifícios já existentes foi algo que o preocupou no início, mas depois de desenhar um primeiro modelo, percebeu que tinha muitas outras condicionantes ao seu trabalho. Álvaro Siza disse que tem um engenheiro “fantástico” no projeto, com quem pode discutir todas as condições, necessidades e restrições de construção, como dar uma especial atenção à esquina do edifício que se vai situar na intersecção da 56 com a 11.ª Avenida.

Durante a conversa disse que em vários trabalhos, as referências aos edifícios nova-iorquinos eram frequentes, tendo acumulado conhecimentos sobre a construção da cidade, de tal forma que é como se este não fosse o seu primeiro trabalho na cidade.

“Quase que posso dizer que estava habituado a fazer trabalhos em Nova Iorque”, disse, embora lembrando que a realidade de contactar pessoalmente com os engenheiros e outros arquitetos é incomparável com a quantidade de estudo que tenha dedicado na teoria. É importante manter “o diálogo com as pessoas que vivem aqui, que trabalham aqui”, disse o arquiteto, para descobrir e perceber melhor os vários fatores da vida na habitação que está a construir.

Álvaro Siza acrescentou ainda que Nova Iorque tem a “qualidade” de os prédios aparecerem de repente e independentes um do outro, e que as construções são muito diferentes umas das outras, sem um design comum que as alinhe e quase “sem preocupação pelo vizinho”, ao contrário das cidades antigas da Europa.

A conversa, conduzida por Paul Goldberger, focou-se em grande parte na sua carreira, desde a paixão pela escultura, os estudos em arquitetura, os primeiros projetos, e a fase de “paranoia da especialização” em habitação social, como referiu.

Questionado pelo público sobre o que gostava de construir que ainda não o tenha feito, respondeu que ia sempre procurar fazer “outra coisa” e que ainda não desenhou um estádio de futebol, por exemplo. “Eu sempre achei que cada novo projeto ia ser interessante, e foi”, disse.

Álvaro Siza disse também que acredita na “continuidade da arquitetura” e que o ritmo de transformação da arquitetura altera-se com as gerações, porque os jovens da atualidade podem viajar mais, estudar com facilidade noutros países e comunicar através da Internet, oportunidades que não teve na juventude.

ZAP // Lusa

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