O número de mandatos cumpridos e o processo que enfrenta na justiça poderão levar António Mexia a deixar o cargo de administrador não executivo do BCP.
A continuidade de António Mexia no cargo de administrador não executivo do BCP pode estar em risco, quer pelos problemas que enfrenta na justiça, quer pelo excesso de mandatos cumpridos no banco onde representa (como não executivo) a EDP.
A notícia é avançada pelo jornal Público esta sexta-feira, que adianta que, desde 2006, Mexia acumula um total de quatro mandatos cumpridos em doze anos.
De acordo com o jornal, em 2006, depois de ser nomeado presidente da EDP, Mexia passou a integrar o Conselho Superior à época encabeçado por Jardim Gonçalves. Nos anos seguintes, esteve sentado no Conselho Geral e de Supervisão, agora designado Conselho de Administração, onde ainda continua a representar a EDP.
A outra razão prende-se com a justiça e o atual processo que enfrenta. Mexia foi constituído arguido em 2017 durante as investigações aos contratos de Custos para Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC) da EDP, que foram assinados durante o Governo de José Sócrates.
Mexia está, então, a ponderar sair do maior banco privado em Portugal de forma a evitar que o supervisor Banco Central Europeu (BCE) levante obstáculos à sua presença nas listas candidatas aos órgãos sociais do BCP para o triénio 2018-2020, cuja votação terá lugar na assembleia-geral de 15 de maio.
Em junho do ano passado, o Banco de Portugal questionou o BCP para aferir se Mexia tinha condições para continuar a integrar a administração não executiva do maior banco privado. Apesar de a recolha de dados ter partido do supervisor nacional, cabe ao BCE validar a idoneidade dos membros da gestão.
O BCP integra a lista das instituições supervisionadas diretamente pelo Banco Central Europeu e devido à sua dimensão é considerado de risco sistémico, ou seja, o eventual colapso tem impacto direto na economia do país.