António, Carla, Bruna. Perfis de falsos portugueses espalham desinformação russa e chinesa

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Falam português, mas são bots de IA. Espalham mensagens contra a Ucrânia e de apoio ao regime chinês. São milhares e o esquema já tem nome: “Portubots”.

“A ideia é tentar convencer que a invasão ilegal da Rússia à Ucrânia não existiu ou promover narrativas de apoio ao Partido Comunista da China”, diz Tuvia Gering, analista da empresa Planet9, à CNN.

Ao todo, a empresa israelita já identificou 2.158 perfis falsos, que usam nomes portugueses como “António”, “Carla” ou “Bruna”, mas que apresentam incongruências nas descrições, muitas vezes “erros” de IA, como dizer que são naturais de “Guilherme do Sul”. Onde mais se propagam estes perfis é na rede social concorrente do X de Elon Musk, a Bluesky. Chamaram-lhes “Portubots”.

Usam expressões populares russas, traduzidas à letra para português, o que pode também parecer bastante estranho, como “batalhões nacionalistas”, expressão usada “pelos meios de comunicação social estatais russos e por funcionários para retratar certas unidades militares ucranianas como extremistas ou neonazis, a fim de justificar a invasão ilegal da Rússia”, explica Gering.

“Há indicadores de que são atores estatais na origem destas contas com base nas narrativas que promovem e com os termos utilizados nas mensagens que propagam”, explica o investigador.

Alguns utilizam mesmo os layouts de jornais internacionais,como o Al Jazeera, para escreverem notícias falsas sobre, por exemplo, críticas dos EUA à Ucrânia.

“Citações falsas de agências noticiosas credíveis são uma tática consistente” em operações de influência russa de que há registos, explicam os investigadores.

“Ao criarem esta rede que parece benigna ou não relacionada, estão a tentar aumentar a sua visibilidade e capacidade de influência, para que, quando precisarem de entrar em ação, o possam fazer de forma mais eficaz”, diz o especialista.

“É mais uma indicação de que os atores podem estar ligados ao Kremlin ou a Pequim, porque uma das razões pelas quais um Estado utilizaria a língua portuguesa seria para ofuscar a origem e as intenções daquela publicação”, explica também.

Rami Ben Efraim CEO, da Planet9, projeta um cenário de perigo para o futuro. “Olhando para o futuro, a situação pode piorar significativamente. O conteúdo gerado por IA, amplificado por redes sociais, já é considerado um dos dez maiores riscos globais”.

Isto porque “hoje, a evolução da IA coloca a desinformação em uma escala completamente diferente, crescendo exponencialmente diante dos nossos olhos. Se não houver uma resposta coordenada, todos os processos democráticos – desde eleições até políticas públicas – estarão vulneráveis a interferências externas”.

ZAP //

1 Comment

  1. O Agostinho Costa é real…. Anda desde começou a invasão a fazer isso. A melhor piada dele foi dizer que a NATO era uma ditadura…. Sendo ele um EX militar de um país fundador da NATO.

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