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O antigo sarcófago de Chernobyl está à beira do colapso

Mond / Wikimedia

Monumento às vítimas do acidente de 1986 em Chernobyl, junto ao reactor 4 da cantral nuclear

A empresa ucraniana responsável pela central nuclear revelou que as avaliações dos especialistas mostram que o sarcófago tem uma probabilidade “muito alta” de entrar em colapso.

A 26 de abril de 1986, o reator número quatro da central de Chernobyl explodiu durante um teste de segurança. Durante dez dias, o combustível nuclear queimou, lançando para a atmosfera elementos radioativos que contaminaram até três quartos da Europa, mas especialmente a Rússia, a Ucrânia e a Bielorrússia, então pertencentes à URSS.

Menos de dois meses depois do desastre, cerca de 600 mil trabalhadores de limpeza entraram em ação para construir um “sarcófago” à volta do reator, com o objetivo de não deixar sair os materiais radioativos como corium, urânio e plutónio.

A estrutura foi projetada para ser resistente — contava com 400 mil metros cúbicos de betão e mais de sete milhões de quilos de aço — mas a construção foi feita à pressa. Enquanto os trabalhadores se esforçavam para conter os danos sem se magoarem (pelo menos 31 morreram por causa da radiação), não conseguiram isolar bem o edifício.

Agora, a empresa ucraniana responsável pela central nuclear — SSE Chernobyl NPP — revelou em comunicado que as avaliações dos especialistas mostram que o sarcófago tem uma probabilidade “muito alta” de entrar em colapso. Por isso, a 29 de julho, assinou um contrato de quase 70 milhões de euros com uma construtora para desmantelar esta estrutura até 2023, avança o Business Insider.

Os trabalhadores terão que reforçar o sarcófago enquanto as suas partes estão a ser desmontadas (com a ajuda de guindastes robóticos). Depois, as peças serão limpas e poderão ser descartadas ou recicladas.

Qualquer tipo de radiação que venha a ser libertada provavelmente não irá entrar na atmosfera. Nos últimos nove anos, os trabalhadores construíram uma estrutura de 32 mil toneladas à volta do sarcófago, cujas peças foram construídas em Itália e depois entregues com recurso a 18 navios e 2.500 camiões.

A estrutura, conhecida como Novo Confinamento Seguro, tem 257 metros de extensão, 108 metros de altura e trata-se da maior estrutura móvel terrestre alguma vez construída. Foi apresentada à imprensa no início de julho.

Espera-se que mantenha esta área confinada durante mais um século, dando tempo suficiente para “remediar” o local. Assim que o sarcófago for desmantelado, os trabalhadores terão nas mãos a gigante tarefa de limpar o lixo radioativo que ainda continua no reator número quatro.

Este processo envolve a aspiração de partículas radioativas e a limpeza da mistura de “lava” que se formou quando os funcionários soviéticos despejaram areia, chumbo e boro no reator em chamas.

Estima-se que estes trabalhos durem até 2065. Até lá, os cientistas acreditam que a radiação terá levado a mais de 40 mil casos de cancro.

ZAP //

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