Covid-19. Angela Merkel alerta sobre plano de vacinação para países mais pobres

Stephanie Lecocq / EPA

Emmanuel Macron, Angela Merkel em Cimeira da UE na Bélgica

A chanceler alemã, Angela Merkel, alertou os líderes dos países mais desenvolvidos que o progresso no desenvolvimento de um sistema de distribuição de vacinas para nações mais necessitadas tem sido lento e que essa questão devia ser discutida a com GAVI – a aliança global para a vacinação.

As declarações da chanceler surgiram durante uma reunião virtual do G20, no domingo. “Falaremos com a GAVI sobre quando começarão essas negociações, porque estou um pouco preocupada por nada ter sido feito a respeito ainda”, indicou a chanceler alemã, citada pela NPR.

As empresas farmacêuticas dos Estados Unidos (EUA) e do Reino Unido relataram um grande progresso no desenvolvimento de vacinas contra o novo coronavírus. Esse progresso significa que os norte-americanos poderão receber a vacina a 11 de dezembro, informou Moncef Slaoui, chefe do programa de vacinação para a covid-19.

No entanto, no início de novembro, investigadores da Universidade Duke, nos EUA, sugeriram que os países mais necessitados podem ter que esperar até quatro anos para ter acesso a uma vacina, enquanto os países mais ricos reivindicam grande parte das futuras doses, deixando milhões de pessoas sem imunidade.

Os países desenvolvidos já compraram – ou estão em processo de compra – mais de cinco mil milhões de doses de vacinas antes do término dos testes clínicos, através de acordos com empresas farmacêuticas. Menos de 800 milhões de doses foram alocadas para os países mais pobres, de acordo com a equipa da Universidade Duke.

Os líderes do G20 indicaram que os membros disponibilizaram, até à data, mais de 11 biliões de dólares (cerca de 9,3 biliões de euros) para “salvaguardar a economia e os meios de subsistência, garantir a continuidade dos negócios e proteger os segmentos mais vulneráveis ​​da população” durante a pandemia.

Vários países, incluindo o Canadá e o Reino Unido, aderiram a uma iniciativa internacional, designada COVAX, para ajudar na distribuição equitativa de vacinas, quando disponíveis. Os EUA não aderiram.

A COVAX anunciou recentemente um investimento de mais de 2 mil milhões de dólares (à volta de 1,7 mil milhões de euros) por parte para ajudar nesse esforço, havendo ainda um défice de 5 mil milhões de dólares (aproximadamente 4,2 mil milhões de euros) para 2021.

Em setembro, a Oxfam International criticou as ações dos países ricos e das empresas farmacêuticas, que firmaram acordos exclusivos na cadeia de abastecimento. “Os governos prolongarão esta crise em toda a sua tragédia humana e nos danos económicos se permitirem que as empresas farmacêuticas protejam os seus monopólios e os seus lucros”, disse Chema Vera, diretor executivo interino da organização.

“Nenhuma empresa será capaz de atender às necessidades mundiais de uma vacina para a covid-19. É por isso que pedimos que partilhem o seu conhecimento sem patentes e dêem um salto quântico na produção para manter todos seguros. Precisamos de uma vacina para o povo, não uma vacina lucrativa”, sublinhou.

ZAP //

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