“Vergonhoso”: estudos americanos e tarifas ameaçam vinho português. EUA são o maior mercado

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Portugal aumentou a sua presença no mercado vinícola dos EUA, mas pode enfrentar agora alguns problemas. Especialista acusa mesmo a OMS de desempenhar um papel “vergonhoso”.

Só entre janeiro e novembro do ano passado, Portugal exportou no total 328,9 milhões de litros de vinho, um aumento de 10% face ao ano anterior (2023).

É um aumento de lucros de 4,3%, mesmo depois da queda do preço médio por litro, que baixou de 2,88 euros para 2,73 euros, avança o Dinheiro Vivo.

A receita total foi cerca de 899 milhões de euros, e os maiores importadores de vinho português foram os EUA, o maior mercado neste setor para Portugal, ultrapassando a França.

Na verdade, os americanos são os maiores compradores de vinho do mundo, e em 2024 as suas compras deste produto atingiram os 94,8 milhões de euros. No entanto, é em Angola onde se compra mais vinho, só que mais barato — comprou 34 milhões de litros, mas paga apenas 1,2 euros por litro, enquanto os americanos pagam 4,32 euros por litro, mais 2% do que no ano anterior.

Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, promotora de vinhos portugueses no mundo, explica ao Dinheiro Vivo que termos por principal consumidor o maior comprador do mundo é um “ótimo sinal”.

Ameaças latentes

Portugal está bem posicionado no mercado americano, e em estados como Nova Iorque, aponta o presidente da ViniPortugal, beber vinho português é já hábito.

O problema é que Donald Trump vai adotar, depois de tomar posse daqui a uma semana, medidas protecionistas há muito anunciadas. Se isso acontecer, Portugal pode enfrentar alguns obstáculos.

No entanto, aponta Frederico Falcão, não se sabe ainda se as tarifas à importação ameaçadas pelos republicanos “serão transversais para todos os produtos ou se serão cirúrgicas, é cedo para estarmos a falar de algo que é uma total incerteza neste momento”.

Apesar de tudo, diz o especialista, os EUA continuam a ter “imenso potencial para explorar”.

Não é um, mas 50 países. Tem muitos estados que consomem vinhos e onde Portugal não tem presença, e, ainda que possamos vir a perder algum mercado nos estados onde já estamos por efeito das tarifas, isto não quer dizer que não possamos ganhar quota de mercado conquistando outros estados“, garante ainda.

Mas há outras ameaças que pairam, como a realização de 4 estudos nos EUA que ligam a ingestão de álcool ao cancro, e que tem sido tido em bastante consideração, uma vez que a investigação foi mesmo encomendada pelo governo americano, lembra o The Conversation. São ataques do lobby anti-álcool, refere o Dinheiro Vivo.

Estes estudos, admite Falcão, são um “óbvio dano” ao mercado vinícola português. O perito acusa mesmo a Organização Mundial de Saúde de emitir declarações políticas e imprecisas.

“Isso é um erro cientifico da OMS“, acusa. “Todos os estudos falam dos malefícios do consumo abusivo e nos benefícios do consumo moderado, mas como a OMS tem dificuldade, não sabe ou não quer, explicar o que é um consumo moderado, optaram por uma linguagem simplista dizendo que qualquer tipo de consumo é errado e prejudicial à saúde. O que é vergonhoso“.

ZAP //

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4 Comments

  1. aguentem-se… adaptem-se… também há muito produto estrangeiro que ao entrar em Portugal paga taxas… essas depois reflectidas e pagas pelo consumidor no preço final…

  2. Alcool é uma droga e ruina muitas vidas, nem só dos consumidores mas também dos familiares e outros inocentes, como no trânsito.
    Assim sendo, o Portugal onde o vinho dá de comer a um milhão de portugueses, está já tarde de desaparecer.
    Que tal parques eólicos para substituir a vinha?

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