A norte-americana Amanda Knox, que aos 21 anos enfrentou uma acusação pelo brutal homicídio de uma colega de casa, vai voltar a Itália.
Amanda foi condenada mas Itália foi depois obrigada pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem a pagar-lhe uma indemnização, já depois de um recurso lhe ter devolvido a liberdade e ter anulado a primeira decisão.
A deslocação de Knox, cuja história até já resultou num documentário da Netflix com a participação da própria, deverá ocorrer em junho para participar num seminário na cidade de Modena.
O caso ficou conhecido em 2007, quando Meredith Kercher foi encontrada morta no apartamento que dividia com Knox em Perugia, Itália. O seu corpo estava despido, tinha sinais de ter sido degolada e apresentava ferimentos em várias partes do corpo, numa quadro que teria resultado de uma discussão e de jogos sexuais entre a vítima, a colega de casa e o seu namorado — cujo ADN foi encontrado na faca encontrada no local do crime.
Knox, que tem agora 31 anos, foi detida e acusada dos crimes de arrombamento do apartamento, abuso sexual, homicídio e difamação juntamente com o namorado, Raffaele Sollecito. Os dois foram condenados, absolvidos, novamente condenados e finalmente absolvidos de uma pena que chegou a ser fixada em 26 anos de cadeia.
A norte-americana acabaria depois por recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, que já este ano de 2019 decidiu dar-lhe razão condenando a Itália a pagar-lhe 18.400 euros por ter violado os direitos de defesa da jovem norte-americana durante os interrogatórios sobre o assassinato sua companheira de casa — 10.400 euros pela falta de assistência jurídica prestada e tradutor e outros oito mil por custos e despesas.
Depois de quatro anos na prisão, Knox acabaria por sair em liberdade e regressar aos EUA, onde hoje é escritora e comentadora. A mediatização do caso acabaria por levá-la a aceitar participar num documentário da Netflix sobre a sua história, onde fala diretamente para os telespetadores e conta o que viveu naqueles anos.
Agora Knox aceitou o convite para voltar a pisar solo italiano a fim de participar num seminário na cidade de Modena no âmbito do projeto “The Italy Innocence Project” — criado na Universidade de Roma para se debruçar sobre casos na justiça que se revelaram mal investigados ou condenados.
Um dos responsáveis pelo evento disse ao The Telegraph acreditar que a norte-americana é um “ícone dos julgamentos feitos na comunicação scoial”, dusse Guido Sola. Já ela, no Twitter, lembrou que quando foi julgada este projeto ainda não existia. “Sinto-me honrada em aceitar este convite para falar aos italianos neste evento histórico e regressar à Itália pela primeira vez”.
Neste momento há um homem a cumprir 16 anos de pena de cadeia pelo homicídio de Kercher, um traficante de droga que terá sido adotado por uma família que vive em Perugia.