Alunos separados em “bolhas” dentro da escola, mas “encavalitados” antes de entrar

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Tiago Petinga / Lusa

Os mais de mil alunos da Escola Secundária Pedro Nunes têm de entrar todos os dias por uma porta única no primeiro dia de aulas em plena pandemia de Covid-19, em Lisboa.

Mil alunos amontoaram-se esta manhã à frente da Escola Secundária Pedro Nunes. A escola adotou método de “turmas bolha”, mas à entrada da escola não houve distanciamento e alguns alunos não usavam máscara. A diretora da escola admite as falhas e diz que as entradas para a escola vão ser solucionadas.

Mais de mil alunos tiveram de esperar juntos para entrar numa escola em Lisboa cujo acesso se fez por apenas uma porta estreita, juntando estudantes que lá dentro estão separados em “turmas bolha” para prevenir a Covid-19.

Cerca de uma dezena de pais, que hoje decidiu levar os filhos à escola para que não andassem de transportes públicos devido à pandemia de Covid-19, assistiram revoltados ao “caos instalado” em frente à Escola Secundária Pedro Nunes.

“Não vale a pena terem planos muito elaborados, com grupos bolha e circuitos de circulação, quando depois os miúdos estão todos aqui, uns em cima dos outros, à espera para entrar”, criticou um pai, que pediu o anonimato.

A Escola Secundária Pedro Nunes, em Lisboa, tem cerca de 1.200 alunos, alguns começaram as aulas às 8:15 enquanto outros às 8:30.

Às oito da manhã, já havia dezenas de estudantes junto à escola cumprindo as recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS): mantinham o distanciamento físico e traziam máscaras. Mas, pouco depois, o espaço tornou-se demasiado pequeno e começaram a surgir alguns sem máscara.

Todos entraram na escola por apenas uma porta com cerca de um metro de largura perante o olhar reprovador dos pais presentes, que falaram à Lusa mas pediram o anonimato.

“Eu não o deixei vir de transportes públicos por causa do risco de contaminação e depois estão aqui todos encavalitados. Isto é uma vergonha”, criticou outra mãe, salientando que o único acesso hoje utilizado tinha duas portas, mas só uma estava aberta.

Os pais lembraram que a escola tem outras entradas: a porta principal do edifício, que é a mais larga, um acesso semelhante ao que hoje estava a ser usado e ainda uma entrada que dá acesso ao parque de estacionamento.

“Podiam ter, pelo menos, três entradas abertas e deviam ter separado os alunos por anos de ensino, em vez de os termos aqui todos concentrados para entrar numa única porta”, acrescentou outra mãe.

À Lusa Rosário Andorinha, diretora da escola, garantiu que na sexta-feira haverá uma nova entrada e reconheceu que houve uma “falha” ao ter aberto apenas uma das duas portas do acesso hoje estabelecido.

Quanto ao portão lateral, que dá acesso ao parque de estacionamento da escola, a diretora explicou que aquele é um percurso utilizado por carros e por isso perigoso e lembrou ainda que o cumprimento das regras do lado de fora do estabelecimento escolar não é uma responsabilidade da escola e que os alunos têm de manter o distanciamento físico.

Lá dentro, as regras há muito que estão definidas. Os circuitos de circulação estão definidos, havendo setas coladas no chão, e nas paredes há cartazes a recordar as novas regras de higiene e segurança.

Há duas semanas, a escola foi visitada pelo ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e pela ministra da Saúde, Marta Temido. Na altura, a diretora explicou que os cerca de 1.200 alunos estavam organizados em “turmas bolha” para evitar o contacto entre estudantes de turmas diferentes.

Além disso, as salas de aula estão organizadas para receber até 28 estudantes e as secretárias individuais permitem manter o distanciamento. No entanto, hoje, para entrar na escola, os alunos concentraram-se todos à porta. A grande maioria estava a cumprir a regra da etiqueta respiratória, mas havia quem não o fizesse.

Um pai sugeriu que a escola deveria ter dividido os alunos em dois turnos, passando a ser cerca de 600 de manhã e outros 600 à tarde. Houve também quem defendesse que os horários deveriam ser desfasados: “Se em vez de estarem todos aqui às 8:15, uns entrassem às 8:00, outros às 8:30 e outros às 9:00, não haveria este tipo de concentração”, sugeriu outra mãe.

O ano letivo começou para algumas escolas na segunda-feira, mas para a maioria só começa hoje, com a retoma das aulas presenciais que foram suspensas em 16 de março devido à pandemia da Covid-19.

O ministério da educação tem defendido que quer manter ao máximo o ensino presencial, tendo por isso definido em parceria com a DGS várias regras e orientações para que as escolas consigam manter-se abertas. O regresso ao ensino à distância será sempre a última opção.

No entanto, o grupo de pais que hoje foi levar os filhos à Pedro Nunes não acredita que a escola se mantenha aberta durante muito tempo, se as regras não forem alteradas: “Isto é uma vergonha. Daqui a 15 dias está tudo encerrado”, alertou um pai.

// Lusa

2 Comments

  1. Pois mas p cumprir devidamente as normas é necessário mais funcionários. Onde estão eles? Os (des)governantes falam muito certo, mas na pratica sabem mt bem que Não corresponde á realidade, já q eles próprios ou quem os cerca não colocaram as pessoas necessárias p/ o efeito.
    Mais grande parte das escolas não tem condições p/ as normas a ser aplicadas!
    Terem voçês mesmos as v/ conclusões e vejam c olhos de ver que andam a ser Enganados.

  2. Isto não me espanta nada. Quando nos hipermercados se aguarda cá fora com distanciamento, mas logo de seguida estando dentro dos mesmos ninguém respeita nada, as pessoas parecem que têm a impressão de que as regras só se devem respeitar em apenas alguns locais.

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