Alterações climáticas estão a alterar cada vez mais a estrutura da atmosfera

NASA / Wikimedia

Um novo estudo mostra que as alterações climáticas estão a ter um impacto cada vez maior na estrutura da atmosfera da Terra.

A investigação, publicada a 5 de novembro na revista científica Science Advances, baseia-se em 40 anos de observações de balões meteorológicos e medições especializadas de satélites para quantificar a extensão a que a parte mais baixa da atmosfera está a subir.

Essa zona, chamada de tropopausa, é a camada intermediária entre a troposfera e a estratosfera e, segundo os cientistas, está a aumentar cerca de 50 a 60 metros por década. Este aumento é causado pelo aquecimento das temperaturas próximas à superfície da Terra.

“Este é um sinal inequívoco de mudança na estrutura atmosférica. Estes resultados dão uma confirmação independente, além de todas as outras evidências das alterações climáticas, de que os gases de efeito estufa estão a alterar a nossa atmosfera“, afirmou, em comunicado, Bill Randel, cientista do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas (NCAR) e um dos autores do estudo.

Estudos anteriores já tinham mostrado que a tropopausa está a aumentar, não apenas por causa das alterações climáticas, mas também devido ao arrefecimento da estratosfera associado à rarefação da camada de ozono. Felizmente, em 1987, o Protocolo de Montreal  e os acordos internacionais subsequentes para restringir as emissões de substâncias destruidoras da camada de ozono reverteram com sucesso a perda de ozono e estabilizaram as temperaturas na baixa estratosfera.

Agora, esta equipa de investigadores decidiu reunir os dados mais recentes para analisar o quanto a tropopausa continua a aumentar, agora que as temperaturas estratosféricas já não têm um impacto significativo.

Os investigadores aplicaram então técnicas estatísticas para contabilizar o impacto de eventos naturais que mudam temporariamente as temperaturas atmosféricas e afetam a tropopausa, como erupções vulcânicas ou o aquecimento periódico das águas superficiais no oceano Pacífico tropical oriental, conhecido como El Niño.

A análise mostrou que a tropopausa aumentou a um ritmo constante desde 1980: cerca de 58-59 metros por década, dos quais 50-53 metros por década são atribuíveis ao aquecimento da baixa atmosfera induzido pelo Homem.

Esta tendência continuou mesmo com a diminuição da influência das temperaturas estratosféricas, demonstrando que o aquecimento na troposfera está a ter um impacto cada vez maior.

ZAP //

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