Saladas embaladas estão “demasiado contaminadas por pesticidas”

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Um estudo realizado pelo Instituto Nacional do Consumo de França apurou que as saladas embaladas estão “demasiado contaminadas por pesticidas”. Algumas delas são de marcas que também se vendem em Portugal.

Este alerta é lançado pelo Instituto Nacional do Consumo (INC) de França através da sua revista oficial, a 60 Millions de Consommateurs, e depois de uma análise a várias marcas de saladas embaladas à venda em supermercados do país.

Foram analisadas em laboratório “26 referências” comercializadas por marcas francesas como Bonduelle, Florette e Les Crudettes, mas também por marcas de distribuidoras como Aldi, Lidl, Carrefour, Intermarché e E. Leclerc, supermercados que também actuam em Portugal.

A análise pretendia “quantificar os pesticidas presentes” e também medir “os resíduos da solução de cloro” que é utilizada em fábrica para lavar o produto final antes de o embalar. E os “resultados revelam-se decepcionantes, e até preocupantes”, aponta a revista do INC.

“De todas as saladas testadas, apenas cinco não apresentaram vestígios de contaminação por pesticidas”, nota a 60 Millions de Consommateurs. Foram detectados “uma média de 3,8 resíduos de pesticidas por salada contaminada”, acrescenta.

O estudo concluiu ainda que quatro em cinco saladas tinham “resíduos de produtos fitossanitários“, ou seja, de produtos químicos ou de substâncias biológicas usados para combater pragas.

Colocando a questão noutros termos, só uma em cada cinco saladas está “isenta de qualquer contaminação”, sublinha a publicação do INC.

Entre as saladas analisadas, foram ainda detectadas “28 moléculas diferentes”, sendo que “oito são suspeitas de terem propriedades cancerígenas ou tóxicas para a reprodução“.

“As quantidades encontradas estão dentro dos limites regulamentares, mesmo para os mais elevados do teste”, nota a revista.

Portanto, em teoria, não há riscos para a saúda humana, mas a publicação ressalva que “os cientistas não sabem quase nada sobre os efeitos” deste “cocktail de moléculas”.

Saladas orgânicas também estão contaminadas

As saladas embaladas fazem sucesso, apesar de serem mais caras, pela facilidade de uso, uma vez que estão prontas a temperar e a comer, sem ser preciso perder tempo a lavá-las.

Só que as alfaces e outros legumes usados nestas saladas são especialmente frágeis a pragas como pulgões e lesmas. Por isso, os agricultores recorrem a produtos fitossanitários para as protegerem.

Além disso, são também produtos sensíveis à humidade e, por isso, é frequente o uso de químicos que ajudem a manter uma aparência intacta e apetecível.

E mesmo as saladas de origem orgânica estão contaminadas com agrotóxicos, de acordo com o referido estudo. Muitas vezes, os pesticidas não são usados sobre os legumes em si, mas podem contaminá-los através dos solos onde são cultivados.

Saladas com mais cloro têm também mais pesticidas

Depois de devidamente preparadas, as alfaces são sujeitas a um banho de pré-lavagem para retirar a sujidade e restos de insectos, passando depois por um banho desinfectante com água clorada para remover eventuais germes tóxicos, como as salmonellas, por exemplo.

Há depois um processo de enxaguamento que serve para eliminar os resíduos de cloro com água a 4 graus centígrados. E, neste caso, há “boas notícias”, como repara a 60 Millions de Consommateurs.

“Nenhuma amostra excede ou sequer se aproxima” do limite legal estabelecido para o cloro que se situa nos 0,7 mg/kg em cada produto fresco. Mas as alfaces “mais carregadas” com cloro são também as que “contêm mais resíduos de pesticidas, como a alface Saveurs du jardinier da Aldi (0,3 mg/kg)”, repara a publicação do INC.

Assim, perante este estudo, fica a recomendação para consumir saladas embaladas com moderação.

Susana Valente, ZAP //

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