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Depois dos incêndios, alerta para marés vivas anormais. Já há inundações

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António Pedro Santos / Lusa

Inundações na zona de Alcântara, Lisboa, em 2022.

Um alinhamento astronómico perfeito entre o Sol, a Terra e a Lua está a provocar marés vivas “acima do habitual”, com a subida das águas nas zonas costeiras e nas rias a poder ultrapassar os 4 metros.

Prevê-se que o pico da intensidade das marés vivas, com a maior subida nas águas, se verifique nesta quinta-feira, 19 de Setembro.

Mas o fenómeno vai prolongar-se até sexta-feira, como prevê a Protecção Civil do Barreiro, no distrito de Setúbal, que lançou um alerta à população para “marés acima do habitual”, com possível ” “galgamento de zonas junto à linha de água”.

Estas marés podem chegar aos 4,3 metros em Lisboa, e “perto dos 4 metros noutras regiões, com risco de inundações pontuais”, avisa também a BestWeather, uma empresa portuguesa especializada em previsão meteorológica, no seu perfil na rede social X.

Nos “próximos dias teremos marés vivas equinociais e uma redução da pressão atmosférica para valores inferiores a 1010hpa”, aponta ainda esta empresa, salientando que se trata de um fenómeno “natural”.

Contudo, “a subida de mais de 10 centímetros no nível do mar, causada pela acção humana, desde 1970”, está “a potenciar e a tornar estes níveis de maré mais frequentes“, alerta ainda a BestWeather.

“Nos próximos 50 anos, o nível do mar em Portugal continental poderá subir mais de 50 centímetros“, acrescenta a empresa.

Ao mesmo tempo, as marés baixas serão também anormalmente baixas, alcançando os 0,5 metros em Lisboa, o que pode permitir ver pedras e outros objectos habitualmente escondidos pelas águas.

Já houve inundações em Lisboa, Portimão e Aveiro

Em cidades como Aveiro, Lisboa, Setúbal, Portimão e Lagoa já se verificaram pequenas inundações nesta quarta-feira em virtude do fenómeno.

No Algarve, as marés vivas levaram à subida dos níveis do rio Arade e causaram a inundação de alguns passeios no centro da cidade de Portimão, como reporta o Correio da Manhã (CM). O mesmo se verificou em Ferragudo, no concelho de Lagoa, com inundações na zona ribeirinha.

As marés vivas também causaram estragos e surpresa em Alhandra, no concelho de Vila Franca de Xira, com a zona da baixa a ficar “completamente inundada”, como revela o jornal local Notícias do Sorraia.

“Alguns condutores foram surpreendidos pela rápida subida das águas do rio Tejo” e tiveram as suas viaturas “completamente inundadas”, reporta ainda o mesmo jornal.

Fotografias partilhadas nas redes sociais pelo grupo “Vigilantes da Estrada” também mostram inundações em estradas nas cidades de Aveiro, Setúbal e Lisboa.

Vigilantes da Estrada / Facebook

Inundações na cidade de Aveiro por causa das marés vivas.

Inundações na cidade de Aveiro por causa das marés vivas.

O que são as marés vivas e porque acontecem?

As marés vivas, também conhecidas como marés de sizígia, acontecem quando a Lua e o Sol estão alinhados durante a lua nova ou a lua cheia.

Esse fenómeno astronómico junta as forças gravitacionais da Lua e do Sol, o que causa marés de maior amplitude.

Assim, durante as marés vivas, as marés altas (preia-mar) são mais altas do que o habitual, e as marés baixas (baixa-mar) são mais baixas do que o normal.

Não há nada de novo aqui porque é algo que se verifica regularmente com as fases da lua cheia e da lua nova.

O que é novo é “a conjugação perfeita” de factores para que as marés sejam ainda mais altas do que o habitual, explica José González, o responsável da unidade de Oceanografia do Centro de Investigação Marinha da Universidade de Vigo, na Galiza, em declarações ao jornal online Vigoe.es.

“É como se se juntassem duas marés vivas”

“As marés nesta época são mais intensas pelo alinhamento da Lua e do Sol, e agora, é quando a Lua está mais perto da Terra, pelo que exerce mais atracção”, acrescenta González, notando que, ao mesmo tempo, “o Sol está a dirigir-se para o hemisfério sul e está mesmo à altura do Equador“.

“Este alinhamento de ambos à altura da Linha do Equador exerce uma maior atracção sobre as marés”, acrescenta o oceanógrafo.

Com todas estas variáveis, há uma atracção gravitacional excepcional nas massas de água. “É como se se juntassem duas marés vivas”, salienta José González.

As marés são influenciadas por vários factores, incluindo, além da astronomia, a pressão atmosférica, a temperatura da água do mar, a direcção e intensidade do vento.

Estes fenómenos conjugados também podem originar chuvas intensas, pelo que o risco de inundações é potenciado.

Marés vivas “históricas” na Galiza

Na Galiza, também já se sentem os efeitos das marés vivas que vão ser “históricas” nestes dias, como destaca o jornal El Correo Gallego.

Até esta sexta-feira, o jornal prevê “as marés vivas mais altas em duas décadas” na Galiza.

Na ria de Foz, em Lugo, a maré alta deve atingir os 4,6 metros nesta quinta-feira, enquanto na Corunha deverá ficar-se pelos 4,4 metros. Em Vigo, a cerca de 30 quilómetros da fronteira com Portugal, as ondas devem andar pelos 4,2 metros.

Evitar zonas juntos ao mar e rias

Quem vive próximo das zonas costeiras, dos portos e das rias deve ter especial cuidado, evitando circular ou permanecer junto ao mar e rias, não estacionando junto à linha de água, nem atravessando zonas inundadas, como recomenda a Protecção Civil do Barreiro.

Os areais das praias podem desaparecer debaixo de água, e também as marés anormalmente baixas podem deixar à mostra rochas inesperadas. Portanto, recomenda-se cuidado e atenção.

Susana Valente, ZAP //

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2 Comments

  1. “Este fenómeno é natural, embora a subida de mais de 10cm no nível do mar, [ causada pela acção humana ], desde 1970, esteja a potenciar e a tornar estes níveis de maré mais frequentes.”

    Não se esqueçam de continuarem a tentar descredibilizar os “maluquinhos do clima” e das “alterações climáticas”.

    Continuem com os vossos padrões de vida acima do que o planeta suporta.

    Continuem a dormir descansadinhos e de consciência bem levezinha, do alto dos vossos 3ºs, 7ºs ou 10ºs andares, só porque pensam que aí nada vos atinge.

    Continuem a ser culpados de tudo aquilo que gostam de culpar “os outros”.

    Um belo meteorito era o que quase todos merecíamos para extinguir esta raça de m…a, que anda mais preocupada com os imigrantes, com os futebóis e com a política partidária, mas que não quer nem ouvir falar do que está a acontecer no mundo inteiro, por causa de uma parte desse mundo que se acha “civilizada” mas que consome tudo e mais alguma coisa sem necessidade nem limites, sem consciência da m…a que faz e de como isso afecta todos (só que afecta mais aqueles que não estão perto de nós, lá está. “Por isso que se lixe” é o que pensam)

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  2. Exacto!!! Todos os invernos aquilo inunda mas agora a incompetência da câmara para resolver os problemas é designado por “alterações climáticas” e “mares vivas anormais”

    Curioso que este problema de inundações em questão já anda á varios anos para ser resolvido…. Não me digas que andavam a prever isto desde 2010 altura em que foi feito um estudo para resolver o problema das inundações neste sítio….

    Vai lá colar as mãos no alcatrao…

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