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Alemanha. Scholz vence segundo debate e consolida liderança a duas semanas das legislativas

Felipe Trueba / EPA

O ministro das Finanças alemão, Olaf Scholz

O líder do SPD consolidou assim a sua liderança nas sondagens, apesar de Armin Lashcet, da CDU, ter saído mais ao ataque.

O actual Ministro das Finanças da Alemanha e líder dos sociais-democratas, Olaf Scholz, foi o grande vencedor do segundo debate televisivo, a duas semanas das eleições legislativas de 26 de Setembro.

Apesar de Armin Lashcet, da CDU, ter saído ao ataque, os espectadores tanto da ARD como da ZDF consideraram Scholz o vencedor, com 41% e 32% das escolhas, respectivamente.

O líder do SPD está também à frente na mais recente sondagem divulgada pelo Financial Times, contando com 26% das intenções de voto. Já a CDU, partido de Angela Merkel, tem apenas 21% e os Verdes, liderados pela candidata Annalena Baerbock, contam com o apoio de 16% dos inquiridos. Esta deve ser a eleição mais renhida dos últimos tempos na Alemanha.

As potenciais coligações foram um dos temas que dominou o confronto entre Scholz, Lashcet e Baerbock. O líder da CDU atacou Scholz por não pôr de parte uma possível aliança com o Die Linke, partido de esquerda, já que o actual Ministro das Finanças não quer depender só do Partido Liberal Democrata para formar governo, caso o seu favoritismo se verifique e vença as eleições.

A candidata dos Verdes afirma que o Die Linke um partido democrático e recusa as equivalências com a AfD, de extrema-direita. Scholz deixa a porta aberta às negociações, mas realça que quer manter relações cordiais com a União Europeia e a NATO, deixando assim um recado aos esquerdistas mais radicais do Die Linke.

A moderadora Maybrit Illner também pressionou o social-democrata só porque ainda não tinha apresentado um potencial executivo, mas Scholz não cedeu.

Lashcet não se ficou por aqui e voltou a atacar Scholz devido às recentes buscas feitas no Ministério das Finanças a um departamento dedicado ao combate à lavagem de dinheiro. Scholz defendeu-se dizendo que apenas um membro do departamento estava a ser investigado e que Lashcet era desonesto por querer dar a imagem de que todo o Ministério estava sob suspeita.

Já Baerbock aproveitou para atacar ambos os partidos e acusá-los de não fazerem o suficiente para prevenir as perdas de milhares de milhões de euros anuais nos cofres alemães para paraísos fiscais e esquemas de lavagem de dinheiro.

O líder da CDU foi questionado sobre se votaria em Hans-Georg Maassen, um candidato do partido cujas visões nacionalistas e a roçar a extrema-direita têm suscitado polémica, mas recusou responder e disse apenas que têm “muitas divergências” com Maassen.

Recorde-se que a quebra do “pacto sanitário” por parte da CDU ao aliar-se com o partido de extrema-direita AfD na eleição do primeiro-ministro do estado da Turíngia foi o que motivou no ano passado a demissão de Annegret Kramp-Karrenbauer, que era a sucessora preferida de Merkel.

A emergência climática também foi um tema que esteve em cima da mesa. Annalena Baerbock desafiou os adversários sobre o historial dos seus partidos no combate às alterações climáticas, acusando ambos de não dar prioridade ao problema e atirarem as culpas uns aos outros.

Tanto Scholz como Laschet negaram que não levem a crise a sério, mas argumentaram que têm de proteger as indústrias automóvel e químicas, que são dois grandes motores da economia alemã.

Scholz e Baerbock defenderam também o aumento do salário mínimo e a criação de um imposto sobre as grandes riquezas. Laschet opôs-se muito a esta última proposta. Nas declarações finais, Laschet assumiu-se como o candidato da confiança, Scholz disse ser o candidato do respeito e Baerbock da mudança.

As eleições de 26 de Setembro podem levar a uma aliança que junte pela primeira vez três dos quatro partidos que já participaram em governos nacionais, a chamada “coligação semáforo”, que junte os Verdes, os sociais-democratas do SPD e os liberais democratas do FDP. O terceiro e último debate está marcado para o próximo domingo.

Adriana Peixoto, ZAP //

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