A Alemanha reconheceu esta quinta-feira, pela primeira vez, que teve co-responsabilidade no genocídio arménio cometido há um século pelo Império Otomano.
Numa cerimónia ecuménica em Berlim, o presidente alemão, Joachim Gauck, fez referência à responsabilidade da Alemanha, enquanto aliada do Império Otomano, nos crimes cometidos entre 1915 e 1917 e que terão vitimado cerca de 1,5 milhões de arménios.
“O destino dos arménios também faz parte da história de extermínios em massa, limpezas étnicas e deportações que marcaram de forma terrível o século XX”, disse Gauck na cerimónia, que reuniu representantes das principais igrejas cristãs.
Joachim Gauck referiu que “não se trata de sentar a Alemanha no lugar dos acusados, mas reconhecer a culpa, pois sem ela não haverá reconciliação entre povos.
Cerca de vinte países, entre os quais a França e a Rússia, reconheceram já oficialmente o genocídio arménio, termo que a Turquia não aceita, limitando-se a comentar as “deportações” realizadas pelo Império Otomano e “mortes” sofridas pelo povo arménio.
No passado dia 12, o Papa Francisco usou o termo “genocidio” para falar do massacre de há 100 anos, despoletando uma forte reacção diplomática da Turquia, que chamou para consultas o seu embaixador no Vaticano.
“No século passado, a nossa família humana passou por três tragédias sem precedentes. A primeira, que foi largamente considerada como ‘o primeiro genocídio do século XX‘, atingiu o povo arménio”, declarou Francisco numa missa na basílica de São Pedro, em Roma, durante a qual citou um documento assinado em 2000 pelo papa João Paulo II e pelo patriarca arménio.
A Arménia estima que 1,5 milhões de arménios tenham sido mortos entre 1915 e 1917, no final do império otomano, com vários historiadores e muitos países a terem já reconhecido o genocídio.
/Lusa