O chefe da Chancelaria Federal da Alemanha criticou, esta terça-feira, a falta de regras mais rígidas de outros países para a entrada de viajantes de áreas de risco, devido à presença da variante Delta.
Durante uma entrevista à televisão pública ZDF, Helge Braun descreveu como “um grande equívoco” as declarações segundo as quais o Governo alemão não quer regras mais restritas de combate à pandemia de covid-19, lembrando que no seu país não há muita margem para agir de outra forma.
Braun lembrou que a quarentena obrigatória de 14 dias para viajantes que regressam de Portugal e da Rússia entra em vigor esta terça-feira, mesmo que tenham a vacinação completa, e já está em vigor há dias para os da Índia e do Reino Unido.
“Para áreas de risco devido à presença de variantes do vírus, já temos as regras mais rígidas em toda a Europa. Não vi ninguém pedir mais de 14 dias de quarentena. Essa é a regra mais rígida a nível europeu. O nosso ponto fraco é que outros países da Europa não a têm”, explicou Braun, que é chefe da Chancelaria e ministro federal para Assuntos Especiais.
Braun disse estar “muito preocupado” com a possibilidade de novas variantes, como a Delta, poderem entrar no país através de viajantes, incluindo aqueles que entram na Alemanha por motivos de trabalho.
Nesse sentido, sublinhou que o Ministério do Interior já se mostrou disposto a realizar controlos aleatórios nas fronteiras com os países vizinhos afetados pela variante Delta, como foi feito no verão passado.
Braun indicou que a variante Delta representa na Alemanha cerca de 50% das novas infeções, de forma que quem não teve a possibilidade de receber as duas doses da vacina “tem de fazer testes regularmente”, pelo menos duas vezes por semana.
No caso dos viajantes, o ministro alemão mostrou-se a favor da intensificação dos controlos sanitários na chegada à Alemanha de pessoas de áreas de risco e a favor de análises adicionais, “possivelmente obrigatórias”, para travar o avanço da variante Delta.
Recorde-se que, na semana passada, a chanceler alemã, Angela Merkel, já tinha criticado a falta de regras comuns na UE relativamente às viagens e usou como exemplo o aumento de infeções em Portugal, uma situação que, considerou, “podia ter sido evitada”.
Segundo afirmou ao jornal Público fonte oficial da Embaixada da Alemanha, a imposição de quarentena imposta vai ser reavaliada no final da semana que vem, não estando ainda definido o dia exato.
Entretanto, avança o semanário Expresso, a Comissão Europeia já deixou críticas à decisão da Alemanha, pois considera não estar alinhada com as diretrizes do Executivo comunitário, sobretudo quando faltam dois dias para entrar em vigor o certificado digital.
Bruxelas lembrou que, primeiro, deveriam ser impostos testes e quarentenas e não a proibição de viagens e, como tal, já pediu ao Conselho da UE para iniciar um debate sobre o assunto entre os vários Estados-membros.
“A Comissão pediu à Presidência do Conselho para avançar com uma discussão com os Estados-membros para debater esta proibição“, cita o jornal.
ZAP // Lusa