O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, manifestou hoje disponibilidade para conversar com o Governo sobre o OE, mas Rui Rio garantiu que os deputados madeirenses não vão contrariar o partido.
“Se for para defender os interesses da Madeira, podemos conversar, mas até agora ninguém quis conversar comigo”, afirmou o chefe do Governo regional da Madeira, questionado pelos jornalistas à margem da inauguração de um edifício no porto do Funchal.
Miguel Albuquerque afirma que “o que era benéfico era o Estado respeitar a Constituição, pagar o que deve, que é bastante dinheiro, e fazer aquilo que deve fazer que é ajudar a Madeira”.
O presidente do Governo madeirense desdramatizou o cada vez mais provável chumbo do Orçamento e diz preferir uma crise política “do que um orçamento que leve o país à ruína”.
“Não há nenhum drama. É melhor [o orçamento] funcionar por duodécimos do que termos uma situação estapafúrdia de entrarmos numa crise política ou numa situação de irrealismo que leve depois a uma intervenção externa”, considera Albuquerque.
O líder da coligação PSD-CDS regional também deixou críticas às exigências dos “extremistas do Partido Comunista e do Bloco de Esquerda” que acha “absurdas” e que levariam à “ruína total do país e a um novo resgate”, nomeadamente as mexidas nas pensões e os aumentos no salário mínimo “com uma crise energética à vista e uma crise de abastecimento de matérias-primas”.
Apesar das muitas críticas ao OE e de não ter recebido nenhuma chamada do governo, Albuquerque não fechou a porta ao diálogo. “Eu sempre disse que em primeiro lugar está a Madeira. Se eventualmente precisarem de nós sabem onde é que eu estou”, afirma, mas reforça que “nem sequer nos passa pela cabeça votar a favor do orçamento”.
A proposta de Orçamento de 2022 prevê mais 217 210 880 de euros para a região autónoma da Madeira, menos 15 milhões do que os 232 260 213 previstos no Orçamento do Estado de 2021.
“A posição está tomada”
À saída do debate na generalidade do OE no parlamento, Rui Rio descartou qualquer possibilidade dos três deputados eleitos pelo PSD-Madeira poderem contrariar o voto do PSD em geral e ajudarem o executivo de António Costa.
“A posição está tomada. A Madeira não está à venda. Foi essa a garantia que me foi dada, mas não quero pôr as coisas nesses termos. Nada mudou, estamos todos solidários”, afirmou o líder social-democrata.
Já sobre os contactos do Presidente da República com alguns deputados, inclusivamente do PSD, para tentar garantir a aprovação do Orçamento, Rui Rio disse não saber de nada e que Marcelo sabe que não valeria a pena falar consigo.
O líder laranja mostrou-se também surpreendido quando os jornalistas o informaram das reuniões em Belém de Marcelo com o seu adversário pela liderança do PSD, Paulo Rangel, e com o recém-eleito autarca de Lisboa, Carlos Moedas. “Não sei”, respondeu Rio.