Aguiar-Branco já começa a ficar farto do barulho no Parlamento

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José Sena Goulão / Lusa

O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco

“Teoria do cancelamento é sempre mau”, desabafou o presidente da Assembleia da República após (tantas) interrupções no plenário.

O Dia Mundial do Animal está a ser vivido – e de que maneira – na Assembleia da República, nesta sexta-feira.

Os deputados estavam a discutir em plenário o tema da “Protecção e bem-estar animal em Portugal”. Em causa projectos-lei de PAN, Chega, BE, PCP e Livre, além de projectos de resolução do PAN e do Livre.

Sem surpresas, o tema foi agendado pelo PAN, que apresenta diversas propostas, destacando-se um assunto: touradas. O PAN propõe referendo para a sua abolição e a sua interdição a menores, entre outros diplomas.

Também sem surpresas, Inês de Sousa Real foi a primeira deputada a falar. A deputada do PAN apareceu duplamente diferente em São Bento: vestiu uma camisola verde que apela à “hora da abolição” e teve intervenções mais “quentes”, mais fervorosas do que é habitual.

O debate tinha começado há poucos minutos e José Pedro Aguiar-Branco sentiu que tinha de interromper, logo no primeiro discurso de Inês de Sousa Real: “Não está com condições para poder falar. A legitimidade da senhora deputada é igual à de qualquer um de nós”.

“Devemos respeitar uma opinião diferente de todos… de muitos dos que estão aqui presentes. Tem o direito a ser ouvida. Enquanto eu for presidente, assim será”, continuou o presidente da Assembleia da República.

Aguiar-Branco estava a criticar os apartes, os comentários constantes, provenientes da direita e sobretudo da bancada parlamentar do Chega.

Mas ainda estavam muitos para vir.

Na sua intervenção seguinte, a própria Inês de Sousa Real irritou-se com os comentários constantes de uma deputada do PSD e disse: “Quando quiser falar, pede a palavra à mesa, que eu estou no uso da minha palavra” – e originou novos apartes.

Quando Fabian Figueiredo (BE) falou, nova intervenção de Aguiar-Branco, a pedir silêncio e respeito por quem fala.

Pouco depois, um aviso dirigido directamente a Pedro Delgado Alves (PS), que já estava a aproveitar uma interpelação à mesa para falar para deputados de outros partidos – como tantas vezes acontece.

Logo a seguir, mais uma intervenção geral, quando Fabian Figueiredo falava de novo: “Senhor deputado, peço desculpa: não o consigo ouvir. E tenho que o ouvir. Pedia a todos os senhores deputados que permitam que eu ouça o senhor deputado!” – disse Aguiar-Branco, num tom já mais exaltado.

Quando o deputado do Bloco de Esquerda terminou, o presidente da Assembleia da República aproveitou para deixar um comentário: “A democracia dá muito trabalho. Custa-me compreender como não é possível ouvirmo-nos uns aos outros com serenidade democrática. Custa-me compreender”.

Aguiar-Branco acrescentou mais tarde que “não é assim muito corajoso não deixar falar”. E apontou: “A teoria do cancelamento é sempre mau. À esquerda ou à direita”.

“Enquanto for presidente, tentarei que a situação seja sempre de igualdade”, continuou, lamentando que os apartes tão persistentes “perturbam” o debate.

Não foi a primeira vez (e não terá sido a última) que Aguiar-Branco pediu respeito no Parlamento. Mas desta vez foi praticamente obrigado a falar mais vezes e noutro tom, após tantas e volumosas interrupções.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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3 Comments

  1. Touradas , não é “Arte” , mas sim puro SADISMO retrogrado , para o bom prazer de mentes Doentias ávidas de crueldade . se a maioria dos Deputados , que tanto defendem este inqualificável espetáculo , alguns interesses tem (Lobismos) ! ….

  2. E, estou FARTO dos Politiqueiros baixinhos, mas Presunçoes, Pedantes Arrogantes, Sobraceiros.
    Gente que nao vale uma folha de papel higienico mas aparecem ai como uns Pavoes , os Campeoes da Sabedoria, Inteligencia, do Conhecimento.
    Arre , que raca, o Criador no dia que criou a Raca Tuga deveria estar BEBADO, ou ganzado!

  3. Sr. Lusitano ; ..sabendo que o Ser “Dito Humano” , é o único do reino Animal que mata por puro prazer . Tem razão quando conclui que o “dito Criador” , não deveria estar no seu estado normal quando criou a nossa espécie que não se limita a nós “Tugas” !

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