Falta de água leva Associação de Beneficiários do Mira a cortar tubos dos pequenos agricultores

Rega - Agricultura“Cortaram sem um aviso”. A queixa é dos pequenos agricultores do sudoeste alentejano que se queixam de que a Associação de Beneficiários do Mira lhes cortou a água da Barragem de Santa Clara, numa altura em que está já só está a menos de metade da sua capacidade.

“Cortaram sem um aviso, tiraram o contador e os tubos de água e pronto”, queixa-se um morador em S. Miguel, no concelho de Odemira, distrito de Beja, em declarações à TSF.

“Há trinta e tal anos que vivo aqui e sempre tive água”, salienta o pequeno agricultor de subsistência que produz para compensar a reforma baixa e que, agora, não tem água para fazer crescer as suas hortícolas.

Toda aquela zona do sudoeste do Alentejo é abastecida de água pela Barragem de Santa Clara que “já se encontra a 49% da sua capacidade” nesta altura do ano, mesmo antes do arranque do Verão, como sustenta a TSF.

A escassez de água terá levado a Associação de Beneficiários do Mira (ABM) a cortá-la aos pequenos produtores a que chama de “precários” e que se localizam fora do perímetro de rega do Mira.

A ABM está sob a tutela do Ministério da Agricultura e é a entidade responsável pela gestão, exploração e conservação dos Aproveitamentos Hidroagrícolas do Mira e de Corte Brique, ambos situados em Odemira.

Os pequenos agricultores usam desde há anos o canal de rega que está ligado à Barragem de Santa Clara para regar os seus campos. Mas, agora, vêem-se sem água.

“Sempre nos foi autorizado, metemos a tubagem e há 40 anos gastei 15 contos, que era muito dinheiro”, lamenta Manuel Rocha à TSF. “Agora está tudo a secar, aí nos quintais”, desabafa ainda.

Estes pequenos produtores queixam-se de que as estufas gastam demasiada água, o que, associada à falta de chuva, agrava a situação de escassez.

“Não tem chovido, a barragem tem pouca água, mas para as estufas a água não pode faltar”, diz ainda à TSF outro pequeno agricultor, salientando que “os pequenos é que ficam sempre na mó de baixo“.

“Nota-se que cada vez sai mais água para irrigar as estufas do litoral e nós, que vamos lá abaixo à barragem quase diariamente, notamos essa descida”, refere à mesma Rádio outro morador da zona, Diogo Coutinho.

“Os dados de 2019 da ABM dizem que saíram da barragem 60 hectómetros cúbicos e só entraram 14, está a ver o que isto é?”, acrescenta Diogo Coutinho.

ZAP //

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