Agricultores exigem Plano Nacional de Emergência para combater a seca

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O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, Eduardo Oliveira e Sousa, considera que a agricultura no país atravessa uma catástrofe devido à seca que se faz sentir em todo o território nacional.

Em entrevista à TSF, Eduardo Oliveira e Sousa defendeu um Plano Nacional de Emergência comum a vários ministérios, com medidas a curto, médio e longo prazo, coordenado pelo primeiro-ministro.

O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) classificou a situação de seca atual como “gravíssima” e “extraordinária”, já depois de o INE ter indicado que a redução da área de cultivo de cereais de inverno atingiu um mínimo histórico – a menor área dos últimos 100 anos, ou seja, desde que existem registos.

Esta redução é a consequência de um mês de janeiro quente e seco, tendo havido uma diminuição generalizada das áreas semeadas de cereais de inverno, pelo quinto ano consecutivo, com um recorde histórico de 121 mil hectares.

Assim, e salientando que esta é apenas uma das muitas consequências da seca, Eduardo Oliveira e Sousa exige medidas como ajudas específicas à manutenção de animais e a simplificação das regras da Política Agrícola Comum. O responsável pede ainda que o Governo sensibilize Bruxelas para libertar verbas para ajudas extraordinárias.

Oliveira e Sousa refere que o país está a definhar, não só na agricultura, mas também na pecuária.

Questionado pela Lusa sobre se o Governo estaria disposto a avançar com um Plano de Emergência Nacional, o ministério da Agricultura lembrou que têm sido adotadas várias medidas no âmbito da situação de seca que o país atravessa como por exemplo a criação de uma linha crédito, de um Plano Nacional de Regadios e de um Plano de Prevenção, Monitorização e Contingência para Situações de Seca.

Na nota, o ministério de Capoulas Santos realça também que o Governo abriu diversos concursos para investimentos específicos em captação, distribuição e armazenamento de água nas explorações agrícolas onde a escassez de água compromete o maneio do efetivo pecuário.

O Governo recorda também na nota enviada à Lusa que o “esforço para obter apoios estendeu-se a Bruxelas, onde foi obtida autorização para a utilização das áreas de pousio para pastoreio, visando assegurar a alimentação do gado.

Foi também criada uma linha de crédito garantida, no valor de 5 milhões de euros, colocada à disposição dos produtores pecuários.

O ministério da Agricultura colocou também cinco mil toneladas de ração à disposição dos produtores pecuários que se situam nas regiões afetadas pelos incêndios e pela seca e 102 toneladas de açúcar para alimentar abelhas.

Na semana passada, Capoulas Santos adotou mais medidas entre as quais a isenção de penalização dos agricultores que tenham visto o seu efetivo animal reduzido na sequência da seca e dos incêndios em 2017.

Bombeiros levam água às aldeias de Bragança em seca no inverno

Só este mês os bombeiros de Bragança já registaram oito deslocações para levar água às populações carenciadas. “Fizemos 36 abastecimento em dezembro, 11 em janeiro e fevereiro”, enumerou o comandante José Fernandes cita a Renascença.

Até agora, a situação mais preocupante é a de Quintas do Vilar. A aldeia recebeu, ainda na segunda-feira, um autotanque, mas prevê-se que volte a necessitar de ser abastecida nos próximos dias.

Caso não venha a chover, o comandante dos Bombeiros de Bragança prevê um cenário ainda mais preocupante para aquela aldeia, apesar de não ser a única em dificuldades. “Podemos dizer que a Quintas do Vilar é um caso crónico. Há muito tempo que não chove, não há reservas, a água cada vez é menos e as dificuldades estão a aumentar. Vamos esperar que chova agora no fim do inverno e princípio da primavera, senão as condições podem-se complicar”.

Janeiro foi o décimo mês consecutivo com chuva inferior ao normal. A 31 de janeiro de 2018, 56% do país estava em seca severa, 40% em seca moderada e 4% em seca fraca.

Dados preliminares do IPMA apontam para uma ligeira melhoria na região do Gerês, mas o restante território está em situação de seca.

A chuva que o início de março trará, prevê-se insuficiente para repor os níveis.

“A região Sul, aquela onde a situação de seca é mais grave, vai ter alguma precipitação nas próximas duas semanas. Será suficiente para compensar a 10 meses? Creio que não”, indicou a meteorologista Ângela Lourenço à TSF.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. A foto deste artigo diz tudo: Um agricultor a jogar pesticidas na monocultura e atrás do campo uma grande área de EUCALIPTO ! E depois querem reclamar da seca! Hahahaha !!! A minha proposta como Eng.º agrónomo é: 1) proibir plantar eucalipto no pais inteiro e substituir por árvores nativas que provocam chuva e guardam a água no subsolo e 2) mudar a agricultura nacional para produção ecológica/biológica com aplicação de mulch sem lavrar desnecessariamente (evitar evaporação da umidade). Existe mercado para isso e a natureza castigada do país vai agradecer.

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