Novo aeroporto é “arma de arremesso” e não avança por “incompetência e incapacidade política”

André Kosters / Lusa

António Mendonça, antigo ministro das Obras Públicas

Candidato a bastonário dos economistas e antigo ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, António Mendonça considera que o novo aeroporto é usado como “arma de arremesso” e que ainda só não avançou por “incompetência e incapacidade política”.

Em 2010, o antigo ministro disse que “o novo aeroporto não é um capricho, não é um luxo, é uma necessidade”. Até agora, não há vista de um novo aeroporto. O economista argumenta que “é um drama” de Portugal não ter coerência estratégica. “Vem um governo, muda tudo o que está para trás, às vezes no mesmo governo”, argumentou em entrevista à TSF.

“A ponte 25 de abril demorou, entre as primeiras ideias e a concretização, quase 100 anos. Agora imagine o país sem a ponte. O aeroporto é o mesmo, andamos a discutir o mesmo há 50 anos e já vimos tudo: se é Portela +1 ou +2, se vai para norte ou sul, está tudo mais do que discutido”, lamentou.

E não avança porquê? “Por incompetência. A vários níveis mas sobretudo por incompetência e incapacidade política. Porque é uma arma de arremesso”, respondeu.

Mendonça é da opinião que a dissolução do Parlamento talvez tenha sido a melhor solução. “Julgo que temos de lidar com estas situações com a normalidade possível e é importante que isto seja um momento de esclarecimento”, em que “devemos aproveitar para clarificar posições”, sublinhou.

A recuperação económica é possível, entende o economista.”O Marquês de Pombal tinha a frase célebre do cuidar dos vivos e enterrar os mortos; felizmente temos hoje mais condições para enfrentar esses desafios humanos mas temos de fazê-lo”, disse ainda o professor universitário no ISEG, usando o exemplo dado por Christine Lagarde da reconstrução de Lisboa após o terramoto de 1755.

António Mendonça acredita que Marcelo Rebelo de Sousa cumpriu o seu papel — “alertou, chamou a atenção para o que podia estar em causa e os partidos sabiam quais eram as regras do jogo e deviam ter atuado em conformidade”.

Estar meio ano em duodécimos pode ter várias consequências, já que “a despesa e a receita estão interligadas”. Ainda assim, o candidato a bastonário dos economistas realça que “as verbas europeias, previstas no âmbito do PRR, têm autonomia específica e poderão continuar a desenvolver-se”.

Bruxelas assegura que o chumbo do OE não põe em risco a execução do PRR, mas “tem de haver bom senso das pessoas, das instituições, dos partidos, relacionamento entre estes, para que haja convergência em torno do que é importante”, defende ainda.

ZAP //

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