Adeus, GPS. Raios cósmicos são os navegadores do futuro

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O muPS permite navegar em espaços fechados e debaixo de água, através de partículas subatómicas criadas por colisões de raios cósmicos. Um aumento da acessibilidade dos seus componentes pode ditar o fim do GPS.

Para criar um novo tipo de GPS, cientistas da Universidade de Tóquio recorreram a partículas subatómicas criadas por colisões de raios cósmicos.

Através destas partículas com elevados níveis de energia, um novo estudo publicado na iScience registou uma navegação totalmente fora do alcance de um GPS, nas profundezas de um prédio, numa cave subterrânea.

Aliás, estes sistemas de navegação sem fio, além de permitirem uma navegação subterrânea, também funcionam em espaços fechados e debaixo de água.

Os raios cósmicos, quando chocam com os átomos da atmosfera da Terra, produzem aquilo que chamamos muão, partícula de alta energia que se move à mesma velocidade independentemente da matéria — ar, água ou terra — em que navegue.

As qualidades dos muões, que caem constantemente no nosso planeta — aproximadamente 10 mil por metro quadrado por minuto — já foram antes aplicadas ao estudo das pirâmides do Egito e de vulcões, segundo o IFL Science, mas agora podem ser a origem de uma nova era no campo da navegação.

Em vez de usar satélites em órbita terrestre baixa como ponto de referência, como faz o GPS tradicional, os novos sistemas de posicionamento muométrico (muPS) usam os sensores de deteção de muões como referência. Assim, a trilateração a que recorremos há dezenas de anos é abandonada.

Após colocarem, no sexto andar de um prédio, quatro estações de deteção de muões enquanto um indivíduo levava um detetor-recetor para a cave, os investigadores perceberam que este aparelho era capaz de acompanhar o seu movimento com bastante precisão, que ainda pode vir a melhorar.

“A precisão atual do muPS está compreendida entre os dois e os 25 metros, com um alcance de até 100 metros, dependendo da profundidade e velocidade da pessoa que está a andar. Estes valores são tão bons como, se não melhores do que, o posicionamento de GPS de ponto único acima do solo em áreas urbanas”, afirma o professor e autor do estudo, Hiroyuki Tanaka, que reforça que a chave para os números positivos é a “sincronização do tempo”.

Entraves à comercialização deste produto ainda se prende com o seu elevado preço atual, uma vez que para melhorar a sua precisão seriam necessários relógios atómicos em escala de chip.

Quando estes relógios se tornarem mais acessíveis, os cientistas acreditam que o muPS pode ser uma presença garantida nos smartphones.

Tomás Guimarães, ZAP //

1 Comment

  1. As eólicas são uma poluição paisagística, seja ela onde for… e uma forte razão para alterar custos no imobiliário…
    Há mais de 40anos qd vivi em Londres, um dos lados da rua era consideravelmente mais caro, do que o outro, devido à exposição solar…!?

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