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Adesão à CEE foi há 40 anos. Deixámos de nos comparar com África

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Arquivo Isabel Soares

Assinatura do tratado aconteceu no dia 12 de junho de 1985. Durão Barroso faz análise a estas quatro décadas.

Foi no dia 12 de junho de 1985: Portugal assinou o tratado de adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE). O então primeiro-ministro, Mário Soares, esteve no Mosteiro dos Jerónimos a formalizar a entrada do país na CEE.

Será precisamente o Mosteiro dos Jerónimos que acolhe hoje, quinta-feira, uma cerimónia evocativa da assinatura do Tratado de Adesão à CEE. Contará com intervenções do Presidente da República, do primeiro-ministro e do presidente do Conselho Europeu.

Nesta data, há 40 anos, Mário Soares assinou o documento que viria a concretizar a entrada de Portugal na CEE a 1 de janeiro de 1986.

Poucos anos após a Revolução dos Cravos, este marco representou o reforço da democracia portuguesa e o arranque da sua modernização económica e social financiada pelas verbas comunitárias, com as novas infraestruturas e a livre circulação a darem um novo fôlego ao país.

Apesar de a austeridade entre 2011 e 2014 ter causado tensões entre Lisboa e Bruxelas, os portugueses são dos mais europeístas e dos que mais confiam no projeto europeu, segundo recentes estudos de opinião.

Durante a cerimónia, será assinada a Declaração de Lisboa, que “reafirma a vocação europeia de Portugal e o contributo português para o aprofundamento da União”, indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado.

As comemorações da adesão de Portugal prolongam-se até 2026 – a entrada efetiva ocorreu em 1 de janeiro de 1986 -, e pretendem assinalar “40 anos de sucesso”, mas também “lançar as sementes do futuro”, disse à Lusa o comissário das celebrações Carlos Coelho, ex-eurodeputado e atual vice-presidente do PSD.

Irão intervir António Costa, presidente do Conselho Europeu, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro Luís Montenegro; e também está previsto um discurso do antigo presidente da Comissão Europeia e antigo primeiro-ministro português, José Manuel Durão Barroso.

Durão Barroso já antecipou a sua análise. Na Antena 1, começou por destacar a “modernização em todos os setores da sociedade” portuguesa desde que o país entrou na comunidade europeia: “Deixámos de nos comparar com África, onde tínhamos as províncias ultramarinas antes do 25 de Abril. Estávamos de costas voltadas para a Europa. Passámos a comparar-nos naturalmente com os outros países da União Europeia, países que eram muito mais avançados do que nós”.

Os outros pontos positivos principais foram: convergência económica e “muito progresso na área social – e aqui é que é a grande diferença“, destacou, salientando os dados do bem-estar social, da saúde. Hoje, Portugal é um país “irreconhecível, no bom sentido”.

António Costa descreveu a assinatura do tratado de adesão de Portugal e também de Espanha como um “passo decisivo” para estes países: “Hoje estarei em Lisboa e Madrid para assinalar os 40 anos da assinatura dos tratados de adesão de Portugal e Espanha à CEE. Um passo decisivo para duas jovens democracias e um marco que reafirmou a integração europeia como um projeto de valores partilhados, de prosperidade e de paz”, escreveu António Costa, numa publicação na rede social X.

A presidente do Parlamento Europeu (PE), Roberta Metsola diz que, hoje, é “impossível imaginar a União Europeia sem Portugal”.

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, indicou “Portugal enriqueceu a União com a sua alma única, feita de coragem, saudade e empreendedorismo. Lembra-nos que os mares mais difíceis não se temem: navegam-se”.

Na cerimónia do Mosteiro dos Jerónimos, será ainda exibido um vídeo evocativo da assinatura do Tratado onde serão destacados Mário Soares e Ernâni Lopes, então primeiro-ministro e ministro das Finanças, respetivamente – ambos já falecidos.

Na assinatura de há 40 anos, participaram também Rui Machete, então vice-primeiro-ministro, e Jaime Gama, na qualidade de ministro dos Negócios Estrangeiros.

Naquele dia 12 de junho de 1985, Mário Soares disse: “Esta é uma data de bom augúrio para o futuro europeu. Um futuro que desejamos solidário e de unidade. (…) Que seja um fator de paz e de estabilidade no mundo conturbado dos nossos dias”.

ZAP // Lusa

10 Comments

  1. Agora somos os comparados pelos outros para verem quanto crescem além e mais depressa que nós… “modernização em todos os setores da sociedade” em sonhos… a Justiça então é uma modernização que ainda anda ao papel…

  2. Segundo um estudo internacional publicado recentemente, uma maioria dos tugas só consegue ler textos b+asicos e resolver problemas simples. Atrás de nós só o Chile.
    A verdade nua e crua é esta.
    Comparamo-nos a quem então?
    Deixem de se porem em bicos de pés, sejam Humildes. A Humildade é o rpimeiro passo para evoluir. A continuar na Arrogancia, só andamos para trás.

  3. A entrada de PT na CEE já tinham sido pedida e acordado por Bruxelas no tempo do Dr. Marcelo Caetano, e como membro PRIORITÁRIO.
    Com o golpe do 25/4, o processo de adesão foi suspenso e adiado sem dia, só aconteceria quando a Espanha entrasse, só entrariamos em conjunto com a Espanha.
    E este 40 Anos temos sido um forte dor de cabeça para a UE. Não venham pintar de Cor-de-Rosa, porque a realidade é outra, somos um fardo para a UE.
    Ter que aturar uma tropa Socialista/Marxista que só querem é mamar!

    • No tempo da outra senhora é que era, certo?
      Todos eram livres de dizer e fazer o que queriam e sem olhar por cima do ombro
      Não havia analfabetismo e 99% da população tinha emprego bem remunerado

      Espera! Se calhar era bem ao contrário……

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  4. ” Deixámos de nos comparar com África, onde tínhamos as províncias ultramarinas antes do 25 de Abril. Estávamos de costas voltadas para a Europa. ”

    Durão Barroso só diz disparates. Nunca nos comparámos com África, havia partes de África que faziam parte de Portugal. E essa era a única África que nos interessava. Quanto a estar de costas voltadas para a Europa, Durão Barroso ignora que fomos membros fundadores – em 1960 – da EFTA, Associação Europeia de Comércio Livre. E foi aquele tipo primeiro ministro de Portugal e presidente da comissão europeia. Terá ele acabado a 4ª classe da instrução primária?

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    • É importante existirem pessoas com algum cultura hoje em dia, mas a EFTA criada em 1960 coexistiu com a CEE criada em 1957 e não estamos a falar da mesma coisa. Existiam diferenças claras entre os dois que o meu caro deverá saber, penso eu. Eram os sete exteriores em contraste com os sete interiores da CEE.

      • A EFTA era de facto diferente da CEE. Mas o que está aqui em causa é perceber que Portugal não estava de costas voltadas para a Europa. E estávamos em boa companhia, com o Reino Unido, a Dinamarca, a Suécia, a Noruega, a Áustria e a Suiça. Tudo países africanos, de acordo com Durão Barroso…

    • «…é indiscutivelmente o pior primeiro-ministro na recente história política. Mas será o nosso homem na Europa…» – Henry Kissinger

  5. Na verdade foi o Sr.º Dr.º Marcello Caetano que meteu Portugal na Comunidade Económica Europeia (CEE), o dr Mário Soares só assinou o papel.
    «…Em poucas décadas estaremos reduzidos à indigência, ou seja, à caridade de outras nações, pelo que é ridículo continuar a falar de independência nacional. Para uma nação que estava a caminho de se transformar numa Suiça, o golpe de Estado foi o princípio do fim. Resta o Sol, o Turismo e o servilismo de bandeja, a pobreza crónica e a emigração em massa.
    Veremos alçados ao Poder analfabetos, meninos mimados, escroques de toda a espécie que conhecemos de longa data. A maioria não servia para criados de quarto e chegam a presidentes de câmara, deputados, administradores, ministros e até presidentes de República…» – Marcello Caetano

    • Infelizmente o sr. Figueiredo retrata o português, revoltado com tudo e com todos. Nada de bom, tudo de mau e negativo. Sentido de inferioridade em relação a todos os outros. Um sentimento de quem nunca saiu deste pais, possivelmente a viver na casa dos pais, sem qualquer formação nem profissão. Não aprendeu a pensar pela sua própria cabeça e vive as redes sociais. A dura realidade é que temos cada vez mais Figueiredos. Alguns ainda casam e tem filhos, mas continuam a ser Figueiredos.

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