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Testa de ferro acalmou Rangel: “O homem que traz o dinheiro está a chegar”

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António Pedro Santos / Lusa

Rui Rangel

O juíz desembargador Rui Rangel

As autoridades portuguesas mantiveram o juiz desembargador agora suspenso de funções, Rui Rangel, sob escuta durante quase um ano. As provas revelam que o juiz pressionava o advogado, muitas vezes já desesperado para pagar as contas.

A revista Visão revelou algumas das escutas feitas pelas autoridades ao juiz desembargador, no âmbito da Operação Lex.

Várias vezes por dia, o juiz contactava o advogado e amigos Santos Martins, que foi constituído arguido por suspeitas de ser o testa-de-ferro no esquema de corrupção, para o pressionar a arranjar o dinheiro para saldar as suas dívidas.

O homem que traz o dinheiro está a chegar“, terá então dito Santos Martins a Rui Rangel em outubro de 2017, de forma a acalmá-lo. As conversas do juiz, auscultadas pelas autoridades, revelavam sucessivos pedidos desesperados de Rangel, enquanto que o advogado ia dando nota do dinheiro que conseguia recolher.

Os valores eram conseguidos juntos dos “clientes” de Rangel, que beneficiavam então de decisões judiciais favoráveis em processos seus, ou até mesmo de outros juízes.

O Ministério Público acredita ainda que Santos Martins terá até chegado a indicar a  referência multibanco para que pagassem diretamente contas de casa e outras despesas correntes do juiz.

Nas escutas, Rangel confessa também que mantinha atividades remuneradas, paralelas à de juiz, o que viola as regras impostas pelo Estatuto dos Juízes. Algumas destas conversas telefónicas terão permitido até conhecer a identidade de alguns destes clientes, conta a revista.

Outras escutas comprometedoras envolvem Rita Figueira, também constituída arguida na Operação Lex. A ex-companheira do juiz é apanhada a falar com o pai sobre os destinos que Rangel daria ao dinheiro e sobre as suas atividades ilícitas.

Rangel estará então indiciado pelos crimes de tráfico de influências, fraude fiscal e branqueamento de capitais, de acordo com a defesa. A Operação Lex conta com 13 arguidos, incluindo o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e é dirigido pelo Ministério Público junto do STJ.

ZAP //

5 Comments

  1. “O homem que traz o dinheiro está a chegar”

    Não quereria ele dizer: “O homem que traz as fotocópias está a chegar”?
    Fica a dúvida.

  2. Acho inútil dar todo este mediatismo ao caso, e a casos deste tipo.
    Na verdade, transforma-se num julgamento mediático: já todos o damos por culpado.

    Se acontecesse a cada um de nós, exigiríamos a presunção de inocência até PROVA contrária – e nem sempre o que parece é.

    Não estou a defender o juíz. Se é culpado, que pague. Mas façamo-lo com honestidade intelectual, sem precipitações, sem assassínios mediáticos.
    Notícias concisas, informativas, sem grandes parangonas, e deixemos correr a justiça.

    No fim do processo, sim: tribuna pública, o mais mediática possível quer seja culpado, quer seja inocente.

    • Acho melhor ir ao google pesquisar sobre o que quer dizer: noticia.

      Alguém inventou o que está na noticia ou relatam apenas factos?

      Isto serve para informar e não para condenar, o processo segue os trâmites normais…

  3. Se for culpada de vender acórdãos para sustentar vícios, que apodreça na prisão!!! Não está nada a ser condenado na praça pública. Quando há fumo há fogo. Porque é que a mim nunca ninguém me acusou na praça púbica???

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