Aborto: as implicações económicas… para os homens

John G. Mabanglo/EPA

Cartaz de protesto contra a decisão do Supremo Tribunal dos EUA

Quando se fala em fim do direito ao aborto, pensa-se logo nas mulheres e nos bebés. Mas é “ingénuo” pensar que os homens não são afectados.

O fim do direito federal ao aborto, nos Estados Unidos da América, é já um dos assuntos mais comentados do ano.

No dia seguinte, quatro estados norte-americanos começaram logo a proibir a interrupção voluntária da gravidez e as perspectivas sobre o assunto multiplicam-se.

O assunto é muito comentado fora do país. Em Portugal, por exemplo, uma opinião lançada pelo fundador da Prozis originou muitos comentários e muitas reacções ao que Miguel Milhão escreveu.

Quando se fala em fim do direito ao aborto, pensa-se logo nas mulheres e nos bebés. Mas é “ingénuo” pensar que os homens não são afectados – avisa Bethany Everett, professora de sociologia da Universidade de Utah.

Já há filas de espera para a realização de vasectomias (esterilização masculina) nos Estados Unidos da América, para os homens não engravidarem as suas namoradas ou esposas.

É claro que a mulher é mais afectada mas é também importante olhar para os efeitos que esta decisão causam no homem.

A National Public Radio cita dados da Pesquisa Nacional de Crescimento Familiar, nos Estados Unidos da América: cerca de 20% de homens envolveram-se num aborto. E o número real deverá ser bem maior.

“Nem todos os homens estão cientes das gestações que causam e daquelas que terminam em aborto”, avisou Brian Nguyen, professor na Universidade da Califórnia do Sul.

Quando participa na decisão do aborto, o homem pode considerar-se um fracasso. Pode ser – é, muitas vezes – um desafio muito grande, um momento desconfortável.

E depois entra a economia.

Num estudo liderado por Brian Nguyen, com mais de 200 homens que estiveram com a sua companheira num aborto, verificou-se que cerca de metade deles apoiou a interrupção voluntária da gravidez por motivos económicos: já tinham pelo menos um filho e mais uma criança seria sinónimo de novos encargos – que não sabiam se conseguiriam suportar.

No mundo masculino, sobretudo entre os adolescentes, também entra a questão da carreira. Um estudo no Journal of Adolescent Health indica que, quando apoiam um aborto, os jovens têm quatro vezes mais possibilidades de completarem uma licenciatura na universidade, comparando com os jovens que são pais nessa fase. E ganham mais dinheiro quando começam a trabalhar, se não forem pais.

Com tudo isto, e após esta decisão do Supremo Tribunal, os pais (futuros avós) devem estar atentos ao futuro, não só das filhas, como dos filhos. Os jovens poderão ser pais mais cedo do que estariam à espera – em vários níveis.

ZAP //

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