A Teoria dos Jogos esconde a fórmula certa para ganhar ao fanfarrão do escritório

Midjourney / Dartmouth College

O poder de recusar ceder às exigências: um novo estudo do Dartmouth College revelou um método inovador para combater o assédio e bullying no local de trabalho, baseado nos princípios da Teoria dos Jogos.

Uma equipa de matemáticos do Dartmouth College identificou uma estratégia potencialmente eficaz para combater o bullying e assédio no local de trabalho — usando os princípios da Teoria dos Jogos.

O estudo, publicado esta semana na PNAS Nexus, identificou um “calcanhar de Aquiles” na dinâmica de um bully no escritório, sugerindo que a recusa em submeter-se às suas exigências pode levar a um resultado mais favorável para a vítima.

A Teoria dos Jogos é um ramo da Matemática Aplicada que estuda diferentes cenários estratégicos em que dois jogadores escolhem entre ações opostas — na maior parte dos casos, tendo que escolher enter “lutar ou fugir” — para tentar otimizar o seu ganho.

De acordo com os autores do estudo, quando um indivíduo de perfil “extorsionista” (por exemplo o comum bully do escritório) tenta ganhar ascendente numa dada situação, a vítima deve usar uma “estratégia de zero determinante“: basicamente, deve recusar-se a cooperar com o bully e não entrar no seu jogo.

Uma “estratégia de zero determinante” permite a um jogador impor unilateralmente uma relação linear entre as pontuações dos jogadores, controlando a relação entre a sua pontuação e a do outro — independentemente da estratégia escolhida pelo adversário.

Esta estratégia não implica necessariamente que o jogador que a usa ganhe alguma coisa; mas significa que o adversário ganha zero.

O estudo sugere que, quando confrontado com uma vítima determinada a usar esta estratégia, recusando-se a jogar o jogo do bully, este perde mais do que a vítima, forçando-o a oferecer um “acordo justo” para resolver a situação em causa.

Esta “estratégia inabalável” essencialmente força resultados mais justos, dando à “parte fraca” a vantagem no jogo.

“Jogadores inabaláveis que escolhem não ser extorquidos podem resistir recusando-se a cooperar totalmente. Desistem de uma parte do seu próprio ganho, mas o bully perde ainda mais“, explica Xingru Chen, primeiro autor do artigo, numa nota de imprensa publicada no site do Dartmouth College.

A teoria dos jogos tornou-se um ramo proeminente da Matemática nos anos 30 do século XX, tendo aplicações práticas tanto em simples jogos de entretenimento como em aspetos significativos da vida em sociedade, em particular na Economia.

Em 2015, um estudo analisou o chamado “Dilema do Jantar” e mostrou que dividir a conta no restaurante sai sempre mais caro. E em abril, a polícia brasileira, que parece conhecer a Teoria dos Jogos, aplicou o Dilema do Prisioneiro a Bolsonaro.

Também o recente impasse em torno do aumento da dívida pública nos Estados Unidos é considerado um exemplo prático da aplicação da Teoria dos Jogos — e da “estratégia do zero determinante” — no campo da Política.

Armando Batista, ZAP //

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