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“Nestlé faz bem” — menos a bebés de países pobres

Nestlé / Flickr

Sede da Nestlé em Vevey, na Suíça

Um novo estudo revelou que a Nestlé adiciona açúcar em excesso aos produtos de bebé vendidos nos países mais pobres. Esta “duplicidade de critérios” está a afetar negativamente a saúde das crianças de regiões menos desenvolvidas.

Contrariando as as diretrizes das entidades de saúde internacionais, para a prevenção da obesidade e outras doenças, a Nestlé adiciona açúcar ao leite de bebés de países mais pobres.

A denuncia foi feita, esta quarta-feira, pela Public Eye.

Os investigadores revelaram que a adição de açúcar sob a forma de sacarose ou mel em amostras de Nido (para bebés a partir de um ano) e de Cerelac (para crianças entre os seis meses e os dois anos) vendidas na Ásia, em África e na América Latina.

Por seu turno, no mercado europeu não se verificou a adição de açúcar nos produtos.

Os ativistas da Public Eye criticaram a “perigosa duplicidade de critérios” que está a afetar negativamente a saúde das crianças de país menos desenvolvidos.

“A Nestlé tem de deixar de adicionar açúcar em todos os produtos para crianças com menos de três anos, em todo o mundo”, considerou, Laurent Gaberell, especialista em nutrição da Public Eye, citado pela The Guardian.

Os investigadores revelaram ainda que os valores mais elevados de vendas da Cerelac se registam, precisamente, nos países de baixo e médio rendimento.

Como termo de comparação – segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) – veja-se que o número de crianças africanas com excesso de peso, com menos de cinco anos, aumentou quase 23%, desde 2000.

Por exemplo, no Senegal e na África do Sul, os produtos com sabor a bolacha, para bebés a partir dos seis meses, continham 6 gramas de açúcar adicionado por cada porção. Na Nigéria, um produto testado continha até 6,8 gramas;

No entanto, na Suíça, os mesmos produto têm 0 açucar adicionado.

Ao The Guardian, um porta-voz da Nestlé assegurou que a empresa cumpre sempre as regras – sobretudo na “categoria altamente regulamentada” dos alimentos para bebés.

No entanto, admitiu que as variações nas receitas dependiam de fatores como a regulamentação locais e a disponibilidade de ingredientes.

Miguel Esteves, ZAP //

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