Cerca de mil e 400 crianças são dadas como desaparecidas por ano em Portugal, mas desses apenas dez estão relacionados com crimes. A grande maioria são fugas voluntárias de adolescentes, que acabam por ser encontrados.
O número que corresponde a quatro desaparecimentos diários é avançado pelo Jornal de Notícias, que consultou os dados da Polícia judiciária (PJ) e traçou o retrato dos desaparecimentos de menores.
Todos acabaram por ser encontrados e todos se enquadram no padrão que representa mais de 90% dos desaparecimentos de menores registados em Portugal. Os menores situam-se na faixa etária dos 12 aos 17 anos e são, por norma, encontrados pelas autoridades ou por familiares poucas horas depois do desaparecimento.
A grande maioria dos casos são adolescentes que fogem por vontade própria, sobretudo de instituições. Embora os casos sejam quase todos ausências voluntárias, estes obrigam as autoridades a desencadear processos para os localizar.
Foi o caso da maior parte dos cerca de 700 desaparecimentos registados já este ano, com os menores a serem encontrados geralmente poucas horas depois. “Regra geral, aparecem por vontade própria, mas em vários casos temos que os localizar”, explica ao jornal fonte da PJ.
A mesma fonte alerta para os períodos de férias escolares como sendo aquele em que se registam mais desaparecimentos: “Como não há escola no verão, estão mais inclinados para sair com um amigo ou passar a noite em casa de familiares”.
Os casos relacionados com suspeitas de crime são geralmente transmitidos a outras brigadas mas, de acordo com a mesma fonte, não serão mais “uma dezena por ano”.
A grande maioria são fugas voluntárias: foi o caso de uma adolescente de 15 anos em Portimão que desapareceu em março, sendo encontrada 15 dias depois pela PJ; ou o exemplo de um casal de namorados de 17 anos em Felgueiras, que estiveram quatro dias sem dar conhecimento do seu paradeiro.