Apesar de o valor da Bitcoin não parar de aumentar, tendo chegado esta semana aos 8.000 dólares, há quem esteja preocupado com uma tecnologia emergente, que ameaça seriamente a blockchain, plataforma por trás da criptomoeda: o advento da computação quântica.
Todo o ecossistema da Bitcoin e das restantes criptomoedas é baseado na blockchain, a tecnologia descentralizada que regista todas as transações num ledger digital, mantida com base numa rede de pessoas que usam a sua capacidade de processamento para validar as transações registadas.
Esta abordagem revelou-se até agora muito mais segura e inviolável do que os sistemas centralizados utilizados pelas instituições financeiras tradicionais, uma vez que obriga a que uma maioria de processadores dispersos realizem cálculos complexos e “votem” para validar a autenticidade de uma dada transação.
No entanto, num artigo recentemente publicado, Divesh Aggarwal e investigadores da Universidade Nacional de Singapura analisaram até que ponto os novos computadores quânticos podem colocar em causa os protocolos de segurança da Bitcoin e abrir portas a exploits de consequências imprevisíveis.
Segundo o MIT Technology Review, os protocolos de segurança das criptomoedas usam algoritmos para transformar os dados em funções matemáticas, o chamado ‘mining’, e cada transação é registada em “blocos” encadeados na blockchain.
Usar computadores para quebrar a cadeia de blocos torna-se praticamente impossível devido à extrema complexidade destes protocolos criptografados. No entanto, a blockchain tem pontos fracos que os computadores quânticos poderiam contornar, devido à enorme capacidade de processamento que previsivelmente terão.
Aggarwal e a sua equipa analisaram alguns dos computadores quânticos atualmente em desenvolvimento, e concluíram que a nova tecnologia representa uma ameaça às criptomoedas por dois motivos diferentes.
Em primeiro lugar, o brutal aumento de capacidade de processamento aumenta de forma disruptiva a capacidade de uma só entidade fazer ‘mining’ da moeda, minando mais Bitcoins do que os computadores normais conseguem.
Mas a maior ameaça dos computadores quânticos às criptomoedas é a possibilidade de violação das chaves criptográficas que estão por trás do ledger da blockchain, algo que pode ocorrer se um único ‘miner’, com um computador superpoderoso, conseguir controlar mais de 50% do poder computacional necessário para validar uma transação.
Ainda assim, os circuitos integrados específicos da aplicação (ASICs) utilizados atualmente vão manter uma vantagem de velocidade em relação aos computadores quânticos nos próximos 10 anos.
De acordo com o Futurism, esta vantagem não vai permitir (pelo menos para já) que os ‘miners’ façam uso do sistemas quânticos com propósitos maliciosos. No entanto, “o esquema de assinatura da curva elítica usado pela Bitcoin poderia ser completamente quebrado por um computador quântico já em 2027“, afirmou Aggarwal.
Isto é o fim da criptografia?
Esta ameaça à segurança não se resume exclusivamente à Bitcoin, dado que a internet e todos os sistemas de computador usam os mesmo princípios criptográficos. Isto significa que os computadores quânticos colocam em risco qualquer tecnologia que faz uso da criptografia.
“O tempo e os recursos, como a eletricidade, usados nos métodos de criptografia atuais tornam indesejável investir na quebra de criptografia. No entanto, com o advento dos computadores quânticos essa realidade já se torna possível”, diz William Hurley, presidente do Grupo de Trabalho de Normas de Computação Quântica do Instituto de Engenharia Elétrica e Eletrónica (IEEE).
Os computadores quânticos exigem o seu próprio tipo de criptografia, o que não significa que a Bitcoin e os métodos de criptografia atuais devam ser completamente descartados. Com alguma reformulação, até poderiam tornar-se mais seguros.
Hurley sugere, em primeiro lugar, duplicar o comprimento das chaves criptográficas. “Duplicar o comprimento é eficaz num esquema de criptografia simétrico”, afirma. “Os computadores quânticos usam o Algoritmo Grover para quebrar chaves simétricas em tempo quadrático, mas não são suficientemente rápidos para quebrar chaves mais longas”.
Para já, não há estratégias para mudar os protocolos de segurança atuais da Bitcoin. Com computadores quânticos utilizáveis ainda a uma década de distância, as plataformas de ‘mining’ têm tempo de reconsiderar os seus métodos de criptografia.
“Ao contrário do que muitos pensam, não será o fim da criptografia“, conclui Hurley.
Quando os computadores quânticos chegarem ao mercado, os PC´s normais, terão igualmente uma capacidade de processamento muito superior ao que temos hoje, ao ponto que um dia haver igualmente portáteis quânticos…
Sem medos.
o computador quântico ,poderá ser o principio do fim, de tudo !