Um empresário luso-canadiano do ramo da restauração de London, no Ontário, conta que tem no seu estabelecimento produtos portugueses “para ajudar o país”, mas lamentou que ao longo do tempo os emigrantes “tenham sido desprezados pelos sucessivos governos”.
Felipe Gomes, de 49 anos, proprietário do restaurante Aroma em London, na província canadiana do Ontário, referiu à agência Lusa que não tem “necessidade de vender produtos portugueses”, mas que o faz para ajudar o país.
“Os meus clientes são sobretudo canadianos, é um restaurante de qualidade, mas faço questão de ter aqui vinhos, refrigerantes e outros produtos portugueses, embora durante 40 anos de emigração tenhamos sido vistos como os parentes pobres da família’, frisou o empresário, natural de Almada.
Felipe Gomes, que está no Canadá há 26 anos, considerou que hoje os emigrantes representam o “incremento das grandes exportações” e lançou o apelo a todos os que estão no exterior que “comprem sumos, vinhos, sapatos, louças, produtos portugueses, para ajudar o país”.
Com laços familiares a Amália Rodrigues, pois a sua bisavó Felizmina de Jesus Rodrigues era irmã do pai da fadista, o empresário mantém um contato quase diário com a família em Portugal e também dá um conselho aos jovens: “emigrem”.
“Não vejam a questão de emigrarem como uma tristeza, mas sim como uma oportunidade, não se pode comparar com há 30 anos, milhares de canadianos saem para a Austrália e para a África do Sul simplesmente para aprenderem outras coisas”, exemplificou.
Felipe Gomes foi eleito recentemente em London vice-presidente da Associação Brasileira de Oportunidades de Negócios, é o único não asiático na Câmara de Comércio Chinês, além de já ter sido governador do Fanshawe College.
O luso-canadiano lamentou também a “burocracia” existente em Portugal, que há três anos o impede de operar uma unidade de turismo rural na Arrábida (Setúbal), um projecto que está parado.
Existem no Canadá cerca de 550 mil portugueses ou luso-descendentes, em London são cerca de 30 mil. Esta cidade canadiana tem uma população bastante, jovem fruto dos mais de 25 mil estudantes sazonais.
/Lusa