//

20 mil sapatos inundaram Paris na véspera da Conferência do Clima

Ian Langsdon / EPA

-

Chinelos de criança, botas repletas de flores, ténis acompanhados de palavras em defesa do planeta são alguns dos milhares de sapatos que cobriram este domingo a praça parisiense de onde sairia uma marcha pelo clima, cancelada devido aos atentados.

O mar de sapatos partilhou a praça la République com uma estátua e uma escultura, transformadas este ano numa espécie de monumentos aos mortos, em memória das vítimas dos atentados de janeiro, que causaram 17 mortos, e de 13 de novembro, que provocaram 130 mortos, e agora rodeados de flores, velas e inscrições de homenagem.

“Mais de 4 toneladas” de sapatos foram recolhidos na última semana, explicou Emma Ruby Sachs, diretora adjunta da Avaaz, movimento mundial de mobilização de cidadãos, que promoveu a ação.

O gigantesco tapete, que cobriu mais de um terço da enorme praça, é “um monumento simbólico da determinação das pessoas em ser escutadas”, referiu Emma Ruby Sachs.

A Avaaz apelou a todos os que iriam participar na marcha pelo clima, marcada para hoje, em Paris, para enviarem um par de sapatos para representá-los.

Todos os sapatos estão orientados na direção da praça de la Nation, onde a manifestação deveria terminar, antes de ter sido cancelada pelas autoridades francesas devido ao reforço da segurança, após os atentados.

“É uma experiência incrível deambular entre milhares de sapatos. Pode sentir-se a dor das vozes reduzidas ao silêncio, mas também a esperança que esta conferência possa salvar o planeta”, disse ainda Emma Ruby Sachs.

@MattMcGrathBBC / Twitter

20 mil sapatos invadiram Paris - incluindo estes, do papa Francisco

20 mil sapatos invadiram Paris – incluindo estes, do papa Francisco

Entre os sapatos anónimos estão alguns de donos mais conhecidos, como aqueles do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, os botins da atriz francesa Marion Cotillard, ou os saltos agulha da estilista britânica Vivienne Westwood e “até o papa Francisco enviou um par“, acrescentou um membro da Avaaz.

Um pouco mais longe, próximo do Bataclan, onde 90 pessoas foram mortas a 13 de novembro, vários representantes de comunidades das ilhas do Pacífico e da América Latina, vestidos com os seus trajes traicionais, organizaram “uma cerimónia de apaziguamento” através de cantos, danças guerreiras e de poesia para associar a memória das vítimas à urgência de resolver o problema do clima.

Milhares de cidades em todo o mundo, incluindo em Portugal, realizaram este fim de semana marchas em defesa do clima e a chamar a atenção para a necessidade de avançar medidas para conseguir enfrentar as alterações climáticas, responsáveis pelo aumento de fenómenos extremos, como secas ou inundações, além da subida do nível do mar.

Mais de 140 chefes de Estado e de governo vão estar esta segunda-feira, em Paris, na sessão de abertura da COP21, a conferência das partes das Nações Unidas sobre Clima, que vai prolongar-se por duas semanas.

Durante a COP21 os países participantes tentarão chegar a um acordo com vista a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e conter a subida da temperatura média do planeta nos 2 graus.

/Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.