Cerca de 30 “portugueses influentes”, como Horta Osório, Armando Zagalo ou Joaquim de Almeida, reúnem-se na próxima segunda-feira com governantes e altos responsáveis em Portugal para discutir “novas ideias sobre soluções para o futuro” do país.
Trata-se do primeiro encontro anual do Conselho da Diáspora Portuguesa, criado faz na quinta-feira um ano, e decorre no Palácio da Cidadela, em Cascais, estando já confirmada a presença de 29 conselheiros de Portugal no mundo e 30 governantes e outros líderes, informou a organização.
“Esperamos ter um debate que permita trazer novas pistas e novas ideias sobre soluções para o futuro”, disse à Lusa o presidente da direção do Conselho, Filipe de Botton, que fez um “balanço extremamente positivo” do primeiro ano da organização.
Lançado a 26 de dezembro de 2012 pelo Presidente da República com 25 membros fundadores, o conselho tem hoje 52 conselheiros, de 16 países e quatro continentes.
“A nossa grande preocupação nestes primeiros meses tem sido organizar e mapear os conselheiros de Portugal no mundo, como chamamos a estes portugueses de influência fora de Portugal, no sentido de poderem começar a trabalhar e a propor e sugerir ideias para Portugal”, disse Botton.
Na reunião de segunda-feira deverá participar o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, o vice-primeiro ministro, Paulo Portas, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e o líder do Partido Socialista, António José Seguro, assim como outros ministros e dirigentes de empresas em Portugal como a REN, a Brisa, o BES ou a IBM.
O objetivo de aproximar estas personalidades dos conselheiros de Portugal no mundo, portugueses com lugares de destaque no estrangeiro, seja em empresas, na cultura ou na ciência, é “criar uma rede e lançar o diálogo” entre todos.
Em debate vão estar “três grandes temas”: a mobilidade inteligente, o financiamento alternativo das empresas portuguesas e a discussão sobre se Portugal está pronto para o futuro.
Sobre este último, Botton foi perentório: “Nós achamos que sim, que Portugal está pronto, não temos dúvidas nenhumas. Mas também não temos grandes dúvidas de que não temos sabido vender-nos da melhor forma possível até hoje”.
Para o presidente da Logoplaste, “Portugal é muito melhor” do que os próprios portugueses muitas vezes tentam transmitir.
“Hoje somos o terceiro maior exportador de calçado e temos o segundo preço médio mundial a que é vendido um par de sapatos exportados. A seguir a Itália, e longe dos outros, o par de sapatos português é o segundo par de sapatos mais caro vendido no mundo”, exemplificou.
Transmitir a ideia do “Portugal verdadeiro, um Portugal moderno, atrativo e com oportunidades” é aliás uma das prioridades do Conselho da Diáspora Portuguesa, já que os próprios conselheiros tinham, antes de começarem a receber informação regular da organização, uma perceção negativa do país, disse Botton.
“Posso dizer que mudou 180 graus a perceção. Hoje sentem-se confortáveis em serem embaixadores de Portugal e em divulgarem o valor de Portugal”, afirmou.
Isto é importante, explicou, porque o facto de “serem pessoas que estão à frente de grandes empresas, grandes institutos, museus, laboratórios, faculdades, de serem pessoas que aparecem como neutras, a falarem de Portugal tem uma força de opinião completamente diferente do que se for o embaixador do país”.
“Essa tem sido a grande aposta e penso que é uma aposta que tem vindo a revelar-se ganhadora”, concluiu.
Para reforçar este objetivo, o Conselho da Diáspora lançou a iniciativa “Introducing Portugal“, que consiste em desafiar os conselheiros a fazerem sessões discretas para divulgar Portugal nas sociedades de acolhimento.
Para isso, o conselheiro “junta 10 pessoas de influência à volta de uma mesa e, num jantar mais informal, faz a venda ou a promoção de Portugal”, afirmou, explicando que este modelo resulta porque a promoção parte de alguém que os convidados “reconhecem como um dos seus”.
/Lusa