Há mais de quatro mil milhões de anos, o nosso Sol roubou centenas de miniplanetas gelados a uma estrela de passagem – e o peculiar planetóide Sedna é um deles.
Uma equipa de investigadores liderada por Lucie Jílkova, do Observatório de Leiden, nos Países Baixos, descobriu que o Sedna e uma dezena de outros planetóides pertencentes a outra estrela foram “sequestrados” pelo Sol quando se encontravam demasiado perto do nosso sistema.
Os investigadores chegaram a esta conclusão ao analisar as órbitas extraordinárias do Sedna na Cintura de Kuiper, um dos objetos mais distantes conhecidos da nossa galáxia. Os resultados preliminares foram publicados este ano na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society e aprofundados num artigo lançado em junho.
Acredita-se que os seus vizinhos mais próximos, centenas de “anões de gelo” que populam a Cintura de Kuiper para lá de Neptuno, possam ser vestígios gelados da formação do nosso Sistema Solar.
Sedna tem sido um mistério desde que foi descoberto, em 2003, devido à sua estranha órbita, refere a New Scientist, e não há nenhum objeto no Sistema Solar que possa causar esse desvio.
Com a ajuda de um supercomputador, os investigadores modelaram milhares de cenários para descobrir que combinação da massa da estrela, velocidade e distância do Sol poderia lançar os planetas anões gelados em órbitas semelhantes à do Sedna.
A investigação revelou que a estrela de origem deveria ser 80% mais massiva do que o Sol, e aproximar-se do nosso sistema a cerca de 34 mil milhões de quilómetros.
O mais provável é que o encontro das duas estrelas tenha acontecido quando o Sol era muito jovem, parte de um grupo de estrelas recém-nascidas. A composição química do Sedna e dos seus vizinhos são diferentes dos outros corpos da Cintura de Kuiper, o que pode ser uma das provas da teoria de Jílkova.
ZAP
Vejam lá se aprendem a traduzir/copiar as coisas como devem ser, cá em Portugal o nome correcto é Cintura de Kuiper e não Cinturão de Kuiper.
Quando se falam de distâncias desta grandeza, 34 mil milhões de quilómetros, o mais correcto será usar Unidade Astronómica (UA é uma unidade de distância, aproximadamente igual à distância média entre a Terra e o Sol), o que nesta caso seria 227,3UA.
Caro Cariocecus,
Obrigado pelo seu reparo, o termo correcto é efectivamente Cintura de Kuiper.
Está corrigido.
No que diz respeito às distâncias, sendo inatacável o uso das UAs, optamos por usar nos nossos textos uma linguagem dirigida aos nossos leitores: leigos, curiosos e bem informados, mas leigos – na sua maioria, não são astrónomos.
Fazêmo-lo porque acreditamos que os nossos leitores que até são astrónomos, eventualmente acham melhor que os textos que lhes oferecemos com assuntos de química refiram as quantidades em milhões de partículas, em vez de moles.
Seguramente, para grande tristeza dos nossos leitores que são químicos.
Obrigado, uma vez mais.
Eu não sou nenhum astrónomo e considero-me um leigo no assunto, mas para mim (e penso que para o resto das pessoas) é mais fácil perceber a grandeza de 227 vezes a distância da Terra ao Sol do que um número como 34 mil milhões de quilómetros, eu tive de ir ao Wolfram|Alpha fazer a conversão para ter uma ideia da distância.
É claro que nem todas as pessoas sabem o que é uma Unidade Astronómica, se calhar a grande maioria, mas nada que uma nota de rodapé que não resolva o assunto.