Sentir-se sozinho não é apenas um problema emocional: é também uma questão económica. Assim revelou um novo estudo com base em despesa no Serviço Nacional de Saúde britânico.
Já em 2018 o governo do Reino Unido acreditava que a solidão era um grave problema socioeconómico. Por isso, decidiu criar um Ministério da Solidão. Países como o Japão também adotaram a mesma medida, devido ao aumento exponencial do número de suicídios.
Agora, um novo estudo publicado este mês na revista PLOS One revela o impacto real da despesa em saúde mental das pessoas que se sentem sós: em alguns casos, pessoas solitárias dão uma despesa extra de quase 980 euros ao Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS) comparativamente com pessoas que não se sentem sós.
“Verificámos que pessoas que experimentam solidão, especialmente na juventude adulta e na idade avançada, incorrem em custos mais elevados para o NHS em comparação com aqueles que não se sentem sozinhos”, explicou a investigadora Nia Morrish.
E o problema da solidão afeta muitos britânicos: um boletim nacional do início deste ano, recorda a Earth, revelou que cerca de 25% dos adultos na Grã-Bretanha se sentiram sozinhos com frequência, sempre ou por vezes, e cerca de 7% sentiram-se sozinhos frequentemente ou sempre. Os dados foram retirados do Understanding Society, um painel do país.
Segundo uma meta-análise de 148 estudos que envolveram 308.849 pessoas, a solidão reduz a qualidade de vida e aumenta o risco de depressão, ansiedade e morte precoce.
Os investigadores do novo estudo concluíram ainda que a má conexão social é mesmo comparável ao tabagismo e à obesidade no que toca aos impactos sociais.
E este gasto em saúde mental do sistema de saúde britânico pode ser só a ponta do icebergue, apontam os investigadores, uma vez que a solidão está também relacionada com outros fatores, como produtividade reduzida, absentismo e maior rotatividade.