Lagarde alerta Europa para riscos da crise política em França

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Gian Ehrenzeller/EPA

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde

A presidente do BCE alerta sobre riscos da crise política em França, para os países da Zona Euro. O voto de confiança ao Governo francês determinará o destino dos franceses… e dos europeus.

Em declarações à emissora francesa Radio Classique, Christine Lagarde disse que desde que ocupa o cargo de presidente do Banco Central Europeu (BCE) verifica que a “ocorrência de riscos políticos, têm um impacto claro” na economia e na avaliação dos mercados financeiros.

A presidente do Banco Central Europeu alertava para a crise política em França, salientando que os riscos de um colapso governamental em qualquer país da Zona Euro são preocupantes.

A presidente do BCE referiu-se à crise política em França na mesma altura o primeiro-ministro francês François Bayrou procura a confiança da Assembleia Nacional.

De acordo com a Agência France Presse, o primeiro-ministro de França não vai conseguir o apoio parlamentar necessário e, por isso, pode vir a ser obrigado a apresentar a demissão.

Por outro lado, Christine Lagarde desdramatizou sobre a possibilidade de a França ficar sob a tutela do Fundo Monetário Internacional (FMI), uma ameaça feita, na semana passada, pelo executivo francês.

“Os países solicitam a intervenção do FMI em circunstâncias em que a balança corrente está seriamente deficitária e o país não consegue cumprir com as obrigações: este não é o caso da França”, disse.

Lagarde liderou o FMI entre 2011 e 2019.

Destino francês (e europeu) decidido dia 8

O primeiro-ministro francês, François Bayrou, declarou este domingo que o que está em jogo no voto de confiança ao seu Governo a 8 de setembro é o “destino da França” e não o seu.

Numa entrevista a quatro canais de notícias, Bayrou disse que se o Governo cair será abandonada a política que considera “vital para o país” e substituída por uma outra menos rigorosa e sem rumo.

Há uma semana, o chefe do executivo francês anunciou que iria submeter-se a uma moção de confiança após apresentar um proposta de orçamento para 2026 altamente impopular, prevendo cortes na ordem dos 44 mil milhões de euros.

“Quase todos os franceses sabem perfeitamente que um país endividado é um país que já não tem a sua soberania, que já não tem a sua liberdade”, insistiu na entrevista.

“Acho que os próximos dias são cruciais (…) se imaginam que posso abandonar as batalhas que estou a travar, (…) que tenho travado há anos e que continuarei a travar depois, estão enganados”, afirmou o centrista, que se candidatou por três vezes à presidência do país.

A esquerda e a extrema-direita indicaram que votarão contra a moção de confiança, tornando quase inevitável a queda de Bayrou, cujo Governo resulta de uma coligação entre o centro e a direita.

Bayrou disse há dias que ia convocar os líderes dos partidos para uma reunião na segunda-feira, salientando estar pronto para “discutir todos os assuntos” exceto o seu plano orçamental para 2026.

Em caso de queda do Governo, o Presidente Emmanuel Macron pode nomear outro primeiro-ministro, na esperança (quase excluída à partida) de obter uma maioria parlamentar, ou optar pela convocação antecipada de eleições legislativas (que seriam as segundas em menos de um ano e meio).

Pressionado pela extrema-direita e pela esquerda radical para se demitir, na sexta-feira, Macron reiterou o seu apoio a Bayrou, considerando que o chefe de Governo “tem razão em responsabilizar as forças políticas e parlamentares” pela sombria situação orçamental do país.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Melhor faria se olhassem para a origem e causas das crises politicas europeias. Os europeus estão ficando fartos de politicos não eleitos, que fazem que “governam” por decretos frequentemente absurdos, dependencia de interesses não europeus, e fraco ou inexistente planeamento a médio ou longo prazo. O resultado, começa agora a se manifestar e não serve de nada chorar sobre o leite derramado.

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