O famoso objetivo de dar 10 mil passos por dia pode ser apenas coisa da nossa cabeça, ou realmente algo que influencia o nosso dia-a-dia? Talvez não seja bem assim que a coisa funciona, mas o importante é ter o hábito de caminhar.
Há algum tempo que alguns cientistas questionam a ideia antiga de que temos que dar 10 mil passos por dia para manter uma vida saudável, enquanto outros procuram determinar qual é afinal o número de passos ideal — que parece ser afinal de apenas 8 mil.
Embora poucas pessoas tenham tempo ou vontade de percorrer distâncias tão extremas, vários estudos revelam que acrescentar até mesmo uma quantidade modesta de passos à sua rotina pode melhorar significativamente a sua saúde.
Se tem um relógio eletrónico ou um telemóvel já deve ter visto que o aparelho lhe sugere uma meta de 10 mil passos diários.
Mas será que essa marca é um mínimo que realmente devemos cumprir de forma a sermos saudáveis e o que acontece com o seu corpo quando aumenta o número de passos diários?
Segundo explica a neurocientista Shannon Odell numa TED Talk, na verdade, o simples ato de caminhar traz benefícios por si só — como melhorar a saúde cardiovascular, fortalecer os ossos e reduzir a ansiedade e a depressão.
A simples atividade de caminhar requer um esforço de muitos músculos localizados nas nossas pernas, tronco e costas. Carregar o nosso próprio peso provoca “stress” no nossos ossos, mas este é um “stress” positivo.
Devido a esse esforço, os nossos ossos ficam mais fortes e esse “stress” vai estimular a absorção de cálcio e minerais. Se a caminhada se tornar num hábito, vai melhorar a densidade óssea, algo muito difícil de se conseguir à medida que a idade avança.
Espaços bem planeados ajudam a meter pés ao caminho
Segundo Shannon Odell, o estimulo para a prática desta atividade deve partir das próprias cidades, que devem tornar-se mais “caminháveis“, e incentivar os seus habitantes, disponibilizando percursos pedonais seguros e acessíveis para pessoas de todas as idades.
Um estudo realizado por investigadores do Departamento de Medicina e Terapêutica, da Universidade Chinesa de Hong Kong e publicado em 2017 na Environmental Research and Public Health mostra-nos que bairros com foco na deslocação pedonal, além de melhorias na parte física, também pode ajudar a melhorar aspetos psicológicos dos seus residentes.
Em Hong Kong, idosos a viver em bairros pedonais relataram níveis mais elevados de felicidade e menor casos de sentimento de solidão, em comparação com aqueles que vivem em zonas menos caminháveis.
Um caso paradigmático é o da Comox-Helmcken Greenway, em Vancouver, uma importante estrada de dois quilómetros que foi otimizada para atividades de exercício físico como caminhadas e andar de bicicleta.
Após a sua conversão, esta via registou um aumento nos níveis de atividade física entre os residentes; as deslocações de carro por parte dos residentes diminuíram 23% e as suas emissões de gases com efeito estufa reduzidas em 21% — provando que espaços bem planeados incentivam estilos de vida mais saudáveis.