Algumas pessoas têm um superpoder: conseguem ter um sono reparador e acordar frescas depois de dormir apenas 4 horas. Num novo estudo, uma equipa de cientistas identificou a mutação que está por trás desta rara capacidade.
Para a maioria de nós, uma boa noite de sono significa 7 a 9 horas de descanso. Mas, para um raro grupo de pessoas, apenas quatro horas é mais do que suficiente, e elas acordam sentindo-se alertas, descansadas e cheias de energia.
Os cientistas acreditam agora que estes “super dorminhocos” devem o seu padrão único de sono a uma rara mutação genética.
Num novo estudo, uma equipa de investigadores da Academia de Ciências da China, identificou uma mutação chamada SIK3-N783Y numa pessoa que consistentemente se sentia descansada após noites invulgarmente curtas.
Segundo o BGR, para compreender melhor os seus efeitos, a equipa introduziu esta mutação em ratos — e, surpreendentemente, os ratos modificados também precisavam de menos sono: dormiam 30 a 54 minutos menos do que ratos normais, mesmo após serem privados de sono.
Os corpos dos supostos “super dorminhocos”, que parecem dormir de forma mais eficiente do que uma pessoa média, parecem completar as funções essenciais do sono, incluindo reparação, desintoxicação e consolidação da memória, num período de tempo mais curto.
O que torna isto especialmente convincente é que estes indivíduos não sofrem os efeitos típicos da privação de sono: não apresentam problemas de memória, lentidão ou riscos elevados de doenças cardíacas e diabetes.
Na verdade, os “super dorminhocos” sentem-se frequentemente pior se dormirem mais do que as suas habituais 4-6 horas, o que sugere que os seus ciclos de sono estão otimizados para este período de sono.
Embora as necessidades de sono possam variar de acordo com a idade e o indivíduo, a maioria dos adultos depende de um descanso mais longo para se sentir alerta e saudável.
A comunidade científica tem tido dificuldade em chegar a consenso em relação a quanto tempo precisamos de dormir — mas pode não haver uma resposta única para todos.
É por isso que compreender o que está por trás do superpoder das pessoas que não precisam de dormir poderia ter grandes implicações para o tratamento de distúrbios do sono e melhorar a eficiência do sono para todos.
Até agora, os cientistas identificaram pelo menos cinco genes ligados a padrões de sono curto, e o SIK3 é um dos mais promissores. Os investigadores acreditam que este poderia tornar-se um alvo para novas terapias do sono que ajudem as pessoas a obter os benefícios restauradores do sono em menos tempo.
Os resultados do estudo foram apresentados num artigo publicado na semana passada na revista PNAS.