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O especialista em cobras norte-americano Tim Friede
Passou 18 anos a injetar-se com veneno de cobra — voluntariamente. Tornou-se importante para a medicina, que procura curar pessoas do veneno que é já parte do seu sangue.
O especialista em cobras norte-americano Tim Friede, expôs-se ao veneno de serpentes ao longo de quase 18 anos.
Como o que não mata nos torna mais fortes, este homem de interesses bizarros acabou por desenvolver imunidade a várias neurotoxinas.
“Olhei para aquilo e pensei: há aqui uma joia por lapidar, conta à CNN o imunologista Jacob Glanville, que se deparou com notícias sobre este homem em 2017. “Tivemos esta conversa. E eu disse: eu sei que é estranho, mas estou mesmo interessado em analisar o teu sangue“, conta o imunologista. “E ele respondeu: ‘Finalmente, já estava à espera deste telefonema'”.
Agora, com a ajuda deste inesperado cientista involuntário (ou voluntário), capaz de proteger contra mordeduras de 19 espécies de cobras venenosas — pelo menos em ratos — com base em anticorpos que encontraram no sangue de Tim Friede e num fármaco.
As mordidas de cobra matam cerca de 200 pessoas por dia, em particular nos países em desenvolvimento, e deixam cerca de 400 mil pessoas por ano com algum tipo de incapacidade.
Agora, os cientistas foram capazes de criar uma mistura que acreditam ser capaz de resolver este problema: dois anticorpos isolados do sangue de Tim Friede (o LNX-D09, por exemplo, protegeu ratos de doses letais de veneno de seis das espécies), e um fármaco de molécula pequena, o varespladib, que inibe uma enzima existente em 95% das mordidas de cobra.
“Que eu saiba, o historial do Tim não tem paralelo. Envolveu espécies muito diferentes, de todos os continentes com cobras, e ele ia alternando os venenos ao longo de 17 anos e nove meses, mantendo registos meticulosos o tempo todo”, explica Glanville.
Mas deixa um aviso: “No entanto, desaconselhamos fortemente que alguém tente fazer o que o Tim fez, o veneno de cobra é perigoso“.