Polónia pede à França que lhe empreste o seu “guarda-chuva nuclear”

Radosław Czarnecki / Wikimedia

Andrzej Duda, Presidente da Polónia

O presidente polaco, Andrzej Duda, diz que o seu país deveria procurar a proteção do “guarda-chuva nuclear” francês e do poder de dissuasão nuclear da França contra uma potencial ameaça russa — enquanto continua a apelar ao acesso às armas atómicas dos EUA.

O arsenal nuclear francês poderia ajudar a proteger a Polónia, afirmou o Presidente polaco Andrzej Duda esta sexta-feira, em entrevista à Bloomberg, em Varsóvia.

O chefe de estado polaco, que apelou anteriormente a que a Polónia recebesse algumas das armas nucleares dos Estados Unidos no seu território para impedir uma eventual agressão russa, considera que as ogivas francesas também poderiam reforçar as defesas polacas.

“Acredito que podemos aceitar ambas as soluções“. Estas duas ideias não são contraditórias nem mutuamente exclusivas”, diz Duda.

O primeiro-ministro polaco Donald Tusk declarou em março no parlamento do país que a Polónia poderá vir a ter acesso a armas nucleares, e afirmou estar em “conversações sérias” sobre a proposta do presidente francês de utilizar as capacidades nucleares de Paris para defender os aliados europeus.

Paris e Varsóvia estão atualmente a finalizar um tratado bilateral que abrangerá a defesa, a energia nuclear e a cooperação científica, entre outras questões, de acordo com uma publicação do Presidente francês no X na semana passada, após uma conversa telefónica com Tusk.

Emmanuel Macron tinha anteriormente sugerido a ideia de estender o chamado guarda-chuva nuclear da França aos seus aliados europeus, face a receios de que uma Rússia agressiva possa um dia voltar sua atenção da Ucrânia, que invadiu em 2014 e novamente em 2022, para o flanco oriental da União Europeia.

A Polónia e a Dinamarca já manifestaram abertura à ideia de se abrigarem sob a proteção nuclear francesa. Com um arsenal de cerca de 300 ogivas nucleares, a França é o único país membro da UE a possuir tais armas e um dos três membros da NATO, juntamente com os EUA (5.044 ogivas) e o Reino Unido (225).

Além destes três países, as potências com arsenais nucleares oficialmente reconhecidos são a Rússia (5.580), a China (500), a Índia (172), o Paquistão (170) e a Coreia do Norte (50).

Israel, que mantém um política de “ambiguidade estratégica”, nunca o confirmou oficialmente, mas é amplamente aceite que possui armas nucleares, estimando-se que tenha no seu arsenal 90 ogivas.

Estes nove países detêm, em conjunto, cerca 12.100 ogivas nucleares. Rússia e Estados Unidos possuem cerca de 90% desse total.

Com um exército de 200 mil homens, atualmente o maior da UE, Varsóvia aumentou drasticamente as suas forças armadas convencionais nos últimos anos,  e espera construir um exército de meio milhão de homens nos próximos.

ZAP //

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