A rede era liderada por um jovem de 21 anos e consistia em publicitar apartamentos de alojamento local para arrendamento como se fossem seus e defraudar os inquilinos.
Um esquema de arrendamento fraudulento no Grande Porto vitimou 88 pessoas, sobretudo imigrantes, e rendeu quase 184 mil euros a um grupo liderado por Telmo V., um comerciante de 21 anos.
O jovem, que enfrentava dificuldades financeiras, iniciou a burla em 2022 e contou com a ajuda de familiares e amigos. Agora, 16 arguidos enfrentam acusações do Ministério Público por crimes como associação criminosa, burla e falsificação de documentos.
Telmo V. era dono de um café em Rio Tinto e uma loja de doces no Porto, mas acumulava dívidas, incluindo rendas em atraso e processos de execução fiscal. Para conseguir dinheiro, anunciou em setembro de 2022 o arrendamento do apartamento onde vivia, assinando um contrato falso com um indiano que pagou 1200 euros e recebeu chaves que não funcionavam. O esquema evoluiu rapidamente, passando a envolver alojamentos locais que Telmo arrendava temporariamente, onde o jovem organizava visitas e apresentava-se como proprietário.
As vítimas eram convencidas pela aparente legalidade dos contratos, forneciam documentos pessoais e efetuavam pagamentos que chegavam a 3500 euros. Muitas só percebiam a fraude quando as chaves não funcionavam ou eram confrontadas pelos verdadeiros donos das habitações, relata o JN.
O sucesso da burla atraiu familiares e amigos, que passaram a auxiliar na captação de vítimas e a ceder contas bancárias para a transferência dos valores. Além dos crimes de burla e falsificação, quatro dos acusados responderão também por furto, após terem roubado eletrodomésticos de um dos apartamentos usados no esquema.
Entre os casos documentados, estão o de um argentino que perdeu 1835 euros e viu a sua família de seis pessoas desalojada, um nepalês que teve de contrair empréstimo bancário após perder 1500 euros e um brasileiro que precisou de acolhimento da Santa Casa após pagar 2800 euros por um arrendamento inexistente. Noutro caso, uma família portuguesa teve de recorrer à ajuda de amigos após perder 2400 euros.