José Sena Goulão / Lusa

Estratégias definidas, uma convidada surpresa e ataques diretos a Pedro Nuno Santos. No meio do caos político, o Conselho Nacional do PSD dispara para onde pode e quer “reforçar” o seu poder no meio da tempestade.
O Conselho Nacional do PSD decorreu na noite desta quarta feira, e ficou pautado pelo “tiro ao alvo” a Pedro Nuno Santos. O “ensaio” para a campanha legislativa que se avizinha contou com uma convidada inesperada e uma definição de estratégias.
Luís Montenegro fez as honras, e sem demoras, num discurso de 40 minutos, estabeleceu as 6 bases que, segundo o Observador, vai adotar como pilares da campanha eleitoral (e que lhe serviram também para assegurar a sua legitimidade dentro do próprio partido):
- Não sou um político. O primeiro-ministro distanciou-se “deles”, “os políticos”, como referiu sempre na terceira pessoa, que “traem o interesse nacional”. Coloca-se, assim, acima: diz conhecer “a realidade” dos portugueses (e diz ser um “não-político”).
- Bruxelas admira o governo. Montenegro usou o argumento, de olhos postos em Sebastião Bugalho, de que a Europa não compreende o motivo da crise política, uma vez que está satisfeita com o atual executivo. Diz que a União Europeia está “atónita” e do lado do governo: “Está expectante para ver quão reforçado vai sair o Governo face à situação criada”.
- Ao ataque. As críticas à oposição não foram poupadas, e o primeiro-ministro diz que esta tentou “cortar a cabeça ao governo”. Quer “discutir o país” e não jogar “baixo”, como atira aos inimigos políticos.
- Honra, dignidade, honestidade. Montenegro também jogou à defesa. “Não me deixo intimidar, mesmo quando todos os limites são ultrapassados. Estou aqui para dar e durar”, garantiu, reforçando a sua decisão de permanecer na linha da frente. E não poupou auto-elogios, como “tomara eu que a política estivesse preenchida com tantos agentes com a independência que sempre tive”.
- Bandeiras do governo. Durante a campanha, o primeiro-ministro deverá acenas com os “feitos” da sua curta governação. Voltou a referir a boa saúde das empresas como a Autoeuropa, as pensões e apoio aos jovens ou as políticas de imigração, pois “é disto que queremos falar”.
- Tem aprovação e superou expectativas. Esta é uma das premissas de Luís Montenegro. “Não tenham a menor dúvida: têm medo da minha independência”, disparou contra a oposição. Relembrou os seus bons índices de aprovação, e garantiu que isso lhe legitima a renovação da confiança nele depositada.
Um jackpot com “estaleca”
Retirada dos holofotes há 15 anos, regressou triunfalmente a antiga presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite. Não se deixou gravar, mas foi a grande estrela da noite. Porque regressa agora a um Conselho Nacional do seu partido?
Porque, segundo diz, quis dar uma força ao primeiro-ministro. “Não tendo os homens a estaleca de uma mulher pensei que pudesse de alguma forma abanar. Então vinha cá pedir-lhe que não desistisse. O país precisa de si”.
“Tive algum receio de que pudesse haver alguma movimentação e pensei que tinha de vir cá dizer que o PSD nunca poderia alinhar numa decisão que não fosse a recondução de Luís Montenegro”, disse ainda Ferreira Leite.
Também não deixou de lançar críticas diretas aos socialistas: “Não acredito que Mário Soares e Jorge Sampaio fizessem uma campanha com base na suspeição. Nunca vi nada de tão baixo na política. Isto é o caminho para a ditadura”.
“Chega de esquerda” e “ataque ao regime”
Os ataques ao PS, esses, vieram de todos os lado — inclusive do primeiro-ministro, que não mencionou partidos ou nomes.
Houve alguns mais “diretos aos assunto”, como foi o caso do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, que disparou que “Pedro Nuno fez pior à democracia em 6 dias do que André Ventura em 6 anos”. Sobre a Comissão de Inquérito pedida pelo socialista, disse que se tratava de uma perseguição: “o Chega inventou a técnica, o PS institucionalizou”, disse, citado pela Antena 1.
E as comparações com o partido mais à direita não se ficaram por aqui, com o eurodeputado Sebastião Bugalho a apelidar os socialistas de “Chega de esquerda”.
Outras críticas foram-se ouvindo pelos discursos, sempre com o mesmo alvo omnipresente: Pedro Nuno Santos, que foi apelidado de “charlatão”, “sem vergonha” e “sem limite moral”.
“Não sou um politico” (veio das jotinhas de Espinho 1994 a 1996, e esteve no parlamento de 2002 a 2019 como deputado)…se calhar é um empresário do lobby?
Grande estadista este Montemilhões!
Esta autocracia PS/PSD atingiu o seu cumulo, julgando-se os donos deste pais desperdiçam o dinheiro dos contribuintes com eleições sem nexo. Agora cumulo dos cúmulos Montenegro toma os Tugas por estúpidos e após provocar eleições tem a ousadia de voltar a candidatar-se como se nada tivesse acontecido e tentando arranjar culpados.