Um simples teste pode salvar a vida dos bebés recém-nascidos

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Despistes simples podem evitar consequências na saúde para o resto da vida — e a chave está no pH do cordão umbilical.

Quando um bebé deixa de receber oxigénio através do cordão umbilical e passa a respirar por si próprio, a mudança costuma ser pacífica, mas quando algo corre mal, as consequências podem ser devastadoras.

Um novo estudo publicado em fevereiro na American Journal of Obstetrics and Gynecology investigou mais de 35.000 bebés nascidos na Suécia entre 1997 e 2012, acompanhando os seus registos de saúde durante 20 anos.

Os investigadores descobriram que os bebés com um pH do cordão umbilical inferior a 7,05 (o que sugere que não receberam oxigénio suficiente durante o parto) enfrentavam um maior risco de morte e de incapacidade nas primeiras duas décadas de vida.

Se a privação de oxigénio (conhecida como “acidemia neonatal”) durar muito tempo, pode causar danos duradouros no cérebro e noutros órgãos – e mesmo a morte. A nível mundial, mais de um milhão de bebés morrem todos os anos devido à privação de oxigénio à nascença.

Um teste simples e indolor — nomeadamente uma amostra de sangue do cordão umbilical — pode verificar os níveis de acidez (pH) para revelar como o bebé lidou com o nascimento. Um pH baixo no cordão umbilical indica uma falta significativa de oxigénio durante o parto, o que pode levar a uma série de complicações. No entanto, em todo o mundo, os médicos não chegam a acordo sobre qual o valor do pH do cordão umbilical que é considerado anormal.

Em países como a Suécia e a Noruega, um pH do cordão umbilical inferior a 7,05 é frequentemente considerado anormal, enquanto outros países podem definir o limiar de pH em 7,00 ou menos para desencadear uma intervenção médica adicional. Estas diferenças nas orientações podem afetar profundamente o momento das intervenções e a gestão dos recém-nascidos que sofrem de acidemia à nascença.

Neste estudo o risco de paralisia cerebral (uma perturbação que afeta os movimentos e a coordenação) foi quatro vezes superior nos bebés nascidos com um pH do cordão umbilical inferior a 7,05, em comparação com os bebés nascidos com um pH do cordão umbilical superior a 7,05.

Da mesma forma, a epilepsia (uma doença neurológica que provoca convulsões) era quase duas vezes mais provável em bebés nascidos com um pH do cordão umbilical de 7,05. O risco de deficiência intelectual também era mais comum, mas apenas quando o pH do cordão umbilical era mais baixo (pH 6,95).

O novo estudo estabeleceu uma ligação entre a acidemia à nascença e os problemas neurológicos a longo prazo. E quanto mais baixo o pH do cordão umbilical, maior o risco.

O cérebro é altamente sensível à flutuação dos níveis de oxigénio no sangue. Os neurónios, as principais células de comunicação do cérebro, são particularmente vulneráveis. Se forem privadas de oxigénio, as células podem sofrer danos ou morrer, afetando o movimento, a memória e a função cognitiva.

Tratamento rápido pode evitar problemas para toda a vida

Se houver suspeita de falta de oxigénio num recém-nascido, o pessoal de saúde pode recolher amostras do pH do cordão um poucos minutos, podem diagnosticar se o pH do cordão umbilical do bebé é anombilical imediatamente. Ermal, permitindo uma intervenção médica atempada que pode salvar o bebé de danos cerebrais a longo prazo e mesmo da morte.

A hipotermia terapêutica, ou terapia de arrefecimento, tem-se mostrado promissora na redução dos danos cerebrais quando aplicada durante as primeiras horas após o nascimento. O arrefecimento do bebé ajuda a abrandar o metabolismo do cérebro, dando-lhe tempo para sarar. Normalmente, o pessoal médico arrefece o bebé até cerca de 33,5°C durante cerca de 72 horas antes de o voltar a aquecer gradualmente.

A amostragem do pH do cordão umbilical deveria ser uma rotina em todas as maternidades, apontam os investigadores, uma vez que este teste fornece uma imagem instantânea da saúde do bebé à nascença.

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