China, estás aí? Temos de falar sobre sexo

Especialistas insistem na obrigatoriedade da educação sexual nas escolas e alertam para o facto de o currículo nacional para a educação sexual, criado em 2021, não ter sido aplicado.

A crise demográfica chinesa agrava-se há anos. A taxa de fertilidade caiu para mínimos alarmantes, os casamentos caíram no ano passado para valor mais baixo desde 1980, os divórcios aumentam cada vez mais e a população está em declínio constante desde 2022. Nesse ano, a taxa de fertilidade do país caiu para apenas 1,09 filhos por mulher, muito abaixo da taxa de substituição de 2,1 filhos por mulher necessária para que a população se mantenha estável.

Os especialistas que a solução para salvaguardar o futuro da nação está na educação dos jovens, e estão a apelar cada vez mais à obrigatoriedade da educação sexual nas escolas.

“Quanto mais cedo educarmos os jovens sobre a saúde reprodutiva, melhor poderemos proteger a sua fertilidade futura”, disse He Dan, uma das principais demógrafas e diretora do Centro de Investigação sobre População e Desenvolvimento da China, citada pelo South China Morning Post (SCMP), durante uma reunião parlamentar, em Pequim.

O governo chinês já anunciou planos para introduzir subsídios à natalidade a nível nacional no final deste ano para incentivar as famílias a terem mais filhos. Mas Han acredita que a medida, embora útil, deve ser complementada por um programa de educação abrangente destinado aos jovens.

A sua proposta aponta para um desfasamento entre a maturidade sexual dos adolescentes e a sua compreensão da saúde reprodutiva. Isto, defende, conduz a um  aumento da atividade sexual precoce, gravidezes indesejadas ou abortos inseguros.

A falta de um currículo nacional para a educação sexual nas escolas é motivo de preocupação há muito tempo. Em 2020, a China aprovou uma alteração à sua lei sobre a proteção de menores, tornando a educação sexual obrigatória a partir de junho de 2021. No entanto, quase quatro anos depois, ainda não foi implementado, e muitas crianças continuam a não ter acesso a uma educação sexual essencial.

No ano passado, um estudo da Universidade Normal de Pequim concluiu que 52% das crianças dos jardins-de-infância e das escolas primárias e secundárias não tinham recebido qualquer tipo de educação sexual.

O primeiro-ministro Li Qiang, no relatório anual de trabalho do governo, também se comprometeu a introduzir políticas adicionais para incentivar a natalidade e responder ao rápido envelhecimento da população do país.

ZAP //

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