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Baleia-Jubarte

O comportamento acústico das baleias fornece informações sobre quais as espécies que se adaptam melhor às alterações das condições oceânicas, revela um novo estudo. A jubarte é a menos esquisita na hora da refeição.

Há muito tempo que conseguimos ouvir as belas canções das baleias, mas só muito recentemente é que ficamos a saber que estas canções também contêm “letras” reveladoras sobre a vida destes animais marinhos.

Uma equipa de investigadores descobriu que os cantos das baleias do Oceano Pacífico, que migram ao longo da costa oeste dos Estados Unidos, são uma pista para os tipos de alimentos disponíveis.

Com microfones subaquáticos (hidrofones), a equipa seguiu as canções, que viajam milhares de quilómetros, de três espécies de baleias (baleia azul, baleia-comum e baleia jubarte) durante seis anos, segundo estudo publicado a 26 de fevereiro na PLOS One.

Os cientistas descobriram que as jubarte cantavam cada vez mais ao longo dos anos: foi detetado em 34% dos dias no primeiro ano, e em 76% dos dias no final do estudo.  Ao que tudo indica, no início do estudo, registou-se uma abundância crescente de krill (conjunto de espécies de animais invertebrados semelhantes ao camarão) seguido de um pico na presença de anchovas — dois “pratos” cobiçados pela espécie.

O canto da baleia azul e da baleia-comum, por sua vez, aumentou apenas durante os anos em que krill era mais abundante, ao contrário das jubarte, que parecem ser mais adaptáveis — alternaram entre presas consoante a disponibilidade.

As baleias ajustaram os seus padrões de alimentação em resposta à disponibilidade de diferentes presas — amostras de biópsia de pele das baleias confirmaram estas mudanças de dieta.

“Surpreendentemente, o comportamento acústico das baleias fornece informações sobre quais as espécies que se adaptam melhor às alterações das condições oceânicas”, disse em comunicado John Ryan, coautor do estudo e oceanógrafo biológico do Instituto de Investigação do Aquário de Monterey Bay: “as nossas descobertas podem ajudar os gestores de recursos e os decisores políticos a proteger melhor as baleias ameaçadas de extinção.”

ZAP //

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